Marco Guimarães é administrador pela ESALQ/USP e trainee pela Agrifatto
Resumo da semana:
Após a retomada das exportações para a China, a maior demanda por animais terminados por parte das indústrias, ao mesmo tempo em que os pecuaristas ofertavam volumes limitados de animais, fez com que as indicações de compra passassem por reajustes. Essa correção ainda não devolve o nível de preços ao patamar anterior à suspensão dos embarques à China, mas o mercado se aproxima daqueles patamares.
Na média das praças levantadas pela Agrifatto, a arroba a prazo avançou 1,56% no comparativo semanal. Em Goiás e Mato Grosso, as altas foram de 1,95% e 1,59%, respectivamente.
No atacado, a carcaça casada bovina avançou na última semana e o spread continuou trabalhando acima de 3,6%.
A demanda interna de carne bovina deve enfraquecer ao longo desta semana, principalmente pelo menor poder aquisitivo da população nos últimos dias do mês.
Já no mercado externo, o ritmo das exportações indica bom volume de embarques, o que dá suporte às cotações da arroba no mercado interno.
A média semanal do indicador do boi Esalq/B3 ficou em R$ 151,20/@, alta de 2,91% em relação a igual período anterior.
- Na tela da B3
Os contratos futuros avançaram na última semana. Com exceção do vencimento junho/19, os contratos renovaram as máximas na última terça-feira (18) e se mantiveram próximos aos maiores níveis.
O vencimento mais curto, junho/19, que será liquidado na próxima sexta-feira (28), avançou 0,63% no período e fechou a última semana em R$ 152,70/@. A máxima para este vencimento aconteceu no dia 04/abril, quando fechou o dia negociado a R$ 155,00/@.
Já o contrato para outubro/19 fechou a última sexta-feira (21) em R$ 163,80/@, registrando alta de 0,15% no comparativo de 7 (sete) dias. A máxima aconteceu no dia 18/jun, quando fechou o dia sendo negociado em R$ 165,35/@.
O spread entre os contratos de outubro e junho/19 seguem nos maiores patamares desta temporada e trabalharam em 7,88% na média da última semana.
- Enquanto isso, no atacado…
Na última semana, as três principais proteínas variaram em diferentes sentidos.
A carcaça casada bovina avançou 1,26% no comparativo e fechou a sexta-feira (21) cotada em R$ 10,47/kg. Desde o início do mês, registra alta de 1,45%.
A retomada das exportações para a China pode ter reduzido os estoques nas câmaras frias, com indústrias redirecionando volumes maiores para o exterior, permitindo avanços das cotações.
O frango resfriado caiu 5,02% no comparativo de 7 (sete) dias e fechou a última semana em R$ 4,35/kg. Em junho, apresenta queda acumulada de 9,47%.
Já a carcaça suína especial segue registrando fortes avanços neste ano. Na última semana, a alta foi de 4,41% e fechou precificada em R$ 8,05/kg. No mês, registra alta de 12,36%.
O ritmo acelerado das exportações de carne suína diminui a disponibilidade desta proteína no mercado interno, impulsionando as indicações do atacado e, consequentemente, do varejo.
O spread (diferença de preços entre a carne bovina no atacado e a arroba do boi gordo), que trabalhou acima de 6% no início de junho após as fortes quedas da arroba, recuou, e ficou em 3,92% na média da última semana.
- No mercado externo
As exportações de carne bovina in natura dos 14 (quatorze) primeiros dias úteis de junho/19 contabilizaram um volume total de 83,12 mil toneladas e uma receita de US$ 320,48 milhões.
A média diária registrada ficou em 5,94 mil toneladas, avanço de 6,0% em relação à média do mês anterior e avanço de 128,7% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.
O preço médio registrado por tonelada foi de US$ 3.855,58, queda de 0,61% em relação a maio/19 e recuo de 7,8% quando comparado com o valor médio de junho/18.
As exportações de junho/18 foram prejudicadas pela greve dos caminhoneiros, que aconteceu ao final de maio/18. Neste ano, o mercado chinês, segundo maior destino das exportações brasileiras de carne bovina, ficou fechado entre os dias 03 e 13/jun, mas os volumes foram retomados e devem continuar em ritmo acelerado nos próximos meses.
Se o ritmo diário se repetir ao longo da última semana do mês, serão embarcadas 112,8 mil toneladas, um avanço de 107% ante o mesmo período de 2018.
- O destaque:
O feriado reduziu o ritmo de comercialização e, consequentemente, as escalas de abate. Isso deve manter o mercado sustentado e direcioná-lo à virada para a entressafra.
Em resposta, os contratos futuros precificam altas em todos os meses deste ano e, entre o junho e dezembro, que fecharam a última semana em R$ 152,70/@ e R$ 165,10/@, respectivamente, a B3 estima uma alta de 8,12%.
Os patamares mais altos dão oportunidades aos pecuaristas em iniciar a gestão de risco de preços para as boiadas da entressafra de capim.
- E o que está no radar?
No radar fica a liquidação do contrato futuro de junho/19. O valor é feito pela média aritmética dos últimos 5 (cinco) fechamentos do indicador do boi gordo (Esalq/B3) do mês de referência. Portanto, para o próximo vencimento serão considerados os valores entre os dias 24 e 28/jun.
Os contratos mais longos, após atingirem as máximas, carecem de novos fatores para equilíbrio em patamares mais altos.
No radar fica ainda a possível abertura do mercado norte americano para carne bovina in natura brasileira e possíveis novas habilitações de frigoríficos para a China, que podem sair nas próximas semanas.
Um abraço e até a próxima semana!