Gustavo Machado é engenheiro agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto

 

Resumo da semana:

O relatório de oferta e demanda divulgado pelo USDA na última terça-feira (11/jun) permitiu novas valorizações para os preços futuros.

O milho na B3 também reagiu e retornou aos maiores patamares já negociados neste ano.

Com as altas em Chicago, a ponta vendedora se voltou para novas negociações, aquecendo o mercado físico brasileiro, embora ajustes para o câmbio tenham limitado as valorizações.

Já o milho, que está sendo colhido neste momento, cumpre acordos fechados anteriormente, tendo o mercado externo como destino. Nesse cenário, as cotações de balcão ainda resistem a novos ajustes.

Espera-se que a partir do final deste mês, os volumes para o mercado doméstico sejam ampliados, o que pode aliviar as cotações de balcão.

Por fim, a CONAB também revisou sua expectativa de produção de milho nesta temporada, passando de 95,25 para 97 milhões de toneladas. As exportações também foram reajustadas, passando de 31 para 32 milhões de toneladas.

 

  1. Mercado futuro na tela

Os cortes para a nova safra norte-americana de milho elevaram as cotações dos contratos futuros. O milho em Chicago subiu 2,5% na última terça-feira (11) após a divulgação do relatório de junho de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

E o milho na bolsa brasileira também ganhou novo fôlego, subindo ao redor de 3,5% no dia da publicação do relatório. Os contatos na B3 retornaram aos maiores patamares já negociados neste ano, abrindo oportunidades de hedge para a ponta vendedora.

Após as rodadas de altas, movimentações para realização de lucros podem corrigir os valores para baixo, especialmente com o milho safrinha chegando ao mercado doméstico nas próximas semanas, mas a safra norte-americana em aberto se mantém como importante fator de suporte

A soja em Chicago também se valorizou na última semana, o contrato para agosto/19 recuperou preços em US$ 9,00/bushel – nível que não era alcançado desde o final de abril deste ano.

O setembro/19 voltou a US$ 9,10/bu e o novembro/19 recuperou o patamar em US$ 9,20/bu. Ambos os contratos também não registravam essas cotações desde 16 de abril.

 

  1. Enquanto isso, no físico…

A colheita com o milho segue avançando, o Departamento de Economia do Paraná (DERAL) informou que 12% da safrinha já foi colhida (contra 2,2% da média dos últimos 5 anos). No Mato Grosso, o IMEA registrou colheita de 8,57% das áreas, contra 4,15% na média das últimas 5 temporadas.

O cereal colhido agora atende a contratos fechados anteriormente, sendo destinados principalmente ao mercado externo. Neste ambiente, as cotações no físico ainda resistem a ajustes negativos.

Em Rondonópolis/MT, rodaram lotes ao redor de R$ 26,00/sc (FOB) com destino ao mercado externo. Em Campo Verde, no mesmo estado, as negociações ficaram ao redor de R$ 24,00/sc.

Em Dourados/MS, as negociações orbitam R$ 29,00/sc (FOB), e também registra baixo volume disponível para o mercado interno. Em Rio Verde/GO, o valor ficou estável ao redor de R$ 29,50/sc.

Para a soja, houve negociações em torno de R$ 70,00/sc em Rondonópolis/MT, para retirada no próximo mês. A demanda veio de esmagadoras da região. Em Dourados/MS, as indicações ficaram em torno de R$ 71,00/sc (FOB) para retirada imediata e pagamento no mês seguinte.

Os preços de balcão para a soja na última semana, responderam positivamente as elevações em Chicago, mas os ajustes para o câmbio limitaram a variações altistas.

 

  1. No mercado externo

O Ministério da Economia divulgou os dados das exportações até a segunda semana de junho (10 primeiros dias úteis).

O país embarcou 4,48 milhões de toneladas de soja no período, registrando média diária de 448,1 mil toneladas. Trata-se de um desempenho 9,1% menor em relação ao mês anterior, e recuo de 9,7% frente a média diária do mesmo período em 2018.

O valor médio ficou em US$ 342,00 por tonelada, queda de 1,5% em relação ao preço médio no mês anterior, e recuo de 15,1 p.p. em relação ao mesmo período do ano passado.

Os embarques com o milho somaram 173,2 mil toneladas, com média de 17,3 mil toneladas. O desempenho se registra 63% menor em relação ao mês anterior, mas ainda se registra 154,7% superior em relação ao mesmo período do ano passado.

O valor médio negociado ficou em US$ 175,5 por tonelada, queda de 12,2% na comparação mensal, e recuo de 27,3% na comparação com o mesmo período do ano passado.

  1. O destaque da semana

Destaca-se os relatórios de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), especialmente as suas novas projeções para o milho.

O USDA fez um importante corte para a produção norte-americana, a nova estimativa em 347,48 milhões de toneladas veio 9,0% menor ante o relatório do último mês. Segundo os novos números, será a menor safra desde a temporada de 2015/16.

Outro número impressionante ficou para a queda de 32,6% para a previsão dos estoques finais neste relatório, previstos agora em 42,45 milhões de toneladas.

Já a CONAB subiu a produção brasileira com o cereal para 97,01 milhões de toneladas (o relatório anterior previa 95,25 milhões de tons). As exportações também foram revistas para 32 milhões de toneladas (ante 31 milhões de tons).

 

  1. E o que está no radar…

No radar continua a safra norte-americana, com o mercado acompanhando os impactos do clima sobre o plantio.

No último final de semana registrou-se chuvas expressivas nas principais regiões produtoras, com os mapas climáticos ainda indicando instabilidade nos próximos dias.

O clima desafiador já elevou os preços em Chicago no início desta semana (17/jun). A volatilidade continuará em alta!