Análise semanal sobre o mercado pecuário
Marco Guimarães é administrador pela ESALQ/USP e trainee pela Agrifatto
Resumo da semana:
Após o caso atípico de BSE em Mato Grosso, a suspensão das exportações de carne bovina para a China fez reduzir a liquidez do mercado físico, fazendo com que os frigoríficos se retirassem das compras no início da última semana.
Quando voltaram, os preços ofertados estavam muito abaixo das praticadas anteriormente, não agradando pecuaristas, que limitaram a oferta de animais.
Na média das praças levantadas pela Agrifatto, a arroba a prazo recuou 2,27% no comparativo semanal. Em São Paulo e Mato Grosso, as quedas foram de 1,99% e 4,03%, respectivamente.
No mercado atacadista, os preços da carne bovina não avançaram significativamente, em compasso de espera para avaliar o efeito da suspensão dos embarques para o país asiático.
As exportações, quando comparadas com maio/19, iniciaram este mês em ritmo mais lento, principalmente pelo Brasil não estar enviando volumes para o segundo maior destino (China).
A média semanal do indicador do boi gordo Esalq/B3 fechou em R$ 147,96/@, queda de 3,19% em relação a igual período anterior.
- Na tela da B3
Após recuarem nas últimas semanas, os contratos futuros atingiram as mínimas de 2019 na segunda-feira (03/jun), após o Ministério da Agricultura confirmar a suspensão das exportações para a China.
Entretanto, a partir da terça-feira (04), o mercado interpretou a queda como exagerada e as cotações iniciaram trajetória altista, embora a China ainda não tenha retomado as importações de carne bovina brasileira.
O contrato futuro para junho/19, que fechou em R$ 148,00/@ na segunda-feira (03), avançou e encerrou a sexta-feira (06) em R$ 150,65/@, acumulando alta 1,79% ao longo da última semana.
Já o vencimento outubro/19, que iniciou a semana passada fechando em R$ 155,00/@, avançou 4,06% e fechou a sexta-feira (06) cotado em R$ 161,30/@.
Com as variações dos contratos da última semana, conforme previsto no Fatto Pecuário #29, o spread entre os contratos para junho e outubro/19 aumentou.
Gráfico 1.
Preços futuros da arroba na B3 e spread entre os vencimentos junho e outubro/19 – R$/@ e %.
A diferença entre os contratos, que fechou a semana anterior (31/mai) abaixo de 3,94% (ou R$ 5,95/@), avançou e encerrou a semana passada em 7,07% (ou R$ 10,65/@).
- Enquanto isso, no atacado…
Ao longo da última semana, as proteínas no atacado variaram em diferentes sentidos.
A carcaça casada bovina avançou 0,19% no comparativo semanal e fechou a sexta-feira (07) cotada em R$ 10,34/kg.
A tímida alta pode ser justificada pelo menor ritmo dos negócios, com indústrias redirecionando volumes para o mercado interno.
O frango resfriado recuou de R$ 4,81 para R$ 4,51/kg em uma semana, queda de 6,24% no período. No acumulado de 2019, a proteína acumula alta de 5,88%.
Já a carcaça suína especial passou por novo reajuste, alta semanal de 3,56%, fechando a sexta-feira (07) em R$ 7,42/kg. Em 2019, registra avanço de 17,89%.
O spread (diferença de preços entre a carne bovina no atacado e a arroba do boi gordo), que iniciou a última semana próximo a zero, aumentou consideravelmente com a queda da cotação da arroba e fechou a semana acima de 6,50%.
- No mercado externo
As exportações de carne bovina in natura referentes aos embarques dos cinco primeiros dias úteis de junho/19 contabilizaram um volume total de 30,26 mil toneladas e uma receita de US$ 121,12 milhões.
A média diária registrada ficou em 6,05 mil toneladas, alta de 8,0% em relação à média do mês anterior e avanço de 133,1% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.
O preço médio registrado por tonelada foi de US$ 4.003,29, alta de 3,2% em relação a maio/19, mas recuo de 4,3% quando comparado com o valor médio de junho/18.
Se as exportações de junho/18 foram prejudicadas pela greve dos caminhoneiros, que aconteceu no final de maio/18, os embarques deste ano podem ser prejudicados pela suspensão das exportações de carne bovina para a China.
- O destaque:
A saída dos frigoríficos das compras de animais terminados na última semana e, consequentemente, a queda de liquidez no mercado físico, represou um volume maior de animais terminados que deverão ser entregues nas próximas semanas.
Ao mesmo tempo, o frio e a seca começam a incomodar, dando início à entrada da entressafra.
- E o que está no radar?
O ritmo lento de negócios fez com que as escalas das indústrias encurtassem, represando animais em uma época com as pastagens em condições gradualmente piores.
O cenário é nebuloso, e a queda de braço entre as duas pontas deve continuar durante esta semana. Uma correção das indicações pode acontecer para a reposição das escalas, mas a expectativa de maior oferta de animais também prontos pode limitar a variação altista.
Esclarecido o caso atípico de BSE, as exportações para a China deverão se normalizar nos próximos dias ou semanas, podendo dar um fôlego para a arroba no curto prazo.
Aos confinadores que ainda não fizeram o hedge, fica no radar a relação de troca de boi por milho, que iniciou este mês próximo 4,0 e agora trabalha em 4,4 sacas por arroba, melhorando condições para a gestão de risco no curto prazo.
Um abraço e até a próxima semana!