A intenção dos frigoríficos brasileiros de carne bovina de ampliar o número de plantas habilitadas a exportar para a China foi frustrada nesta quinta-feira.
Após se reunir em Pequim hoje com o ministro chinês Ni Yuefeng, da Administração Geral de Aduanas do país asiático, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, não conseguiu um anúncio imediato de habilitação de frigoríficos, disseram ao Valor duas fontes do setor privado.
Até então, os exportadores brasileiros estavam esperançosos com o resultado positivo da passagem da ministra por Pequim. Recentemente, os chineses haviam indicado ao embaixador do Brasil na China que o país asiático poderia acelerar as habilitações de frigoríficos, priorizando a autorização para aqueles que já podem exportar para a União Europeia —um mercado que é considerado mais exigente do ponto de vista sanitário.
A estratégia de priorizar as unidades habilitadas para a União Europeia chegou a ser defendida publicamente pela ministra da Agricultura e pelo secretário de Relações Internacionais da Pasta, Orlando Ribeiro, o que provocou muitas críticas dos frigoríficos menores, que não tem autorização para vender ao bloco europeu. A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) chegou a acusar o Ministério da Agricultura de privilegiar os grandes frigoríficos nas negociações.
Apesar de não ter conseguido a habilitação de novos frigoríficos na reunião desta quinta-feira, uma fonte do setor privado avalia que o encontro da ministra em Pequim teve resultados positivos. Segundo essa fonte, houve um acordo para “padronizar” as regras de habilitação de frigoríficos para exportar à China. Na fila, há mais de 70 frigoríficos brasileiros (de bovinos, aves, suínos e asininos) para habilitação. Em contrapartida, Pequim quer habilitar do país a exportar pescados ao Brasil.
Também há esperança de que as habilitações possam ser anunciadas no curto prazo. Na próxima semana, o vice-presidente Hamilton Mourão participará da reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), na China. Na ocasião, deve se encontrar com o presidente da China, Xi Jinping. Em agosto, será a vez do presidente Jair Bolsonaro visitar a China. (AE)