(Reuters) – A economia brasileira terminou o primeiro trimestre com contração depois de três resultados mensais negativos, mostraram dados do Banco Central nesta quarta-feira, corroborando as preocupações com o ritmo da atividade econômica e as perspectivas de crescimento do país.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), caiu 0,28 por cento em março na comparação com o mês anterior, segundo dado dessazonalizado divulgado pelo BC.

O resultado foi pior do que a expectativa de queda de 0,20 por cento em pesquisa da Reuters, e seguiu-se a recuos de 0,98 e 0,11 por cento, respectivamente, em janeiro e fevereiro.

Com isso, o indicador apresentou contração de 0,68 por cento no primeiro trimestre em relação aos três meses anteriores, em número dessazonalizado.

Na comparação com março de 2018, o IBC-Br apresentou queda de 2,52% e, no acumulado em 12 meses, teve alta de 1,05%, segundo números observados.

O mês de março foi marcado por contrações tanto na indústria quanto nos serviços, em um ambiente de taxa de desemprego de 12,7 por cento no primeiro trimestre, com quase 13,4 milhões de desempregados, e número recorde de desalentados.

A produção industrial caiu 1,3 por cento no mês, no ritmo mais forte de perdas para março em dois anos, enquanto o volume de serviços perdeu 0,7 por cento em março.

As vendas no varejo tiveram crescimento de 0,3 por cento sobre fevereiro, porém em um resultado abaixo do esperado.

“A economia continua a operar com um alto grau de ociosidade em termos de utilização de recursos. Progresso na direção de uma consolidação fiscal… permanece, em nossa avaliação, sendo determinante para ancorar o sentimento do mercado, sustentar o sentimento de consumidores e empresas e alavancar o que tem sido até agora uma recuperação rasa e decepcionante”, avaliou o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos.

Depois da divulgação dos últimos números, Ramos reduziu a expectativa para o PIB no primeiro trimestre a uma contração de 0,1%, de alta de 0,2% antes, vendo aumento do PIB de 1,2% em 2019, antes 1,7%.

Os números do PIB relativos ao início de 2019 serão divulgados pelo IBGE em 30 de maio. No quarto trimestre do ano passado, o PIB cresceu 0,1 por cento sobre o terceiro e terminou 2018 com expansão de 1,1 por cento, de acordo com dados do IBGE.

“Indicadores de atividade econômica do primeiro trimestre sugerem queda de 0,2% do PIB no período”, estimou o Bradesco em nota.

Na terça-feira, o Banco Central apontou uma “probabilidade relevante” de que a economia brasileira tenha recuado ligeiramente no primeiro trimestre deste ano sobre os três meses anteriores.

As expectativas de crescimento para o Brasil vêm sofrendo sucessivas reduções. A mais recente pesquisa Focus realizada semanalmente pelo BC junto a uma centena de economistas mostrou que a estimativa para a atividade neste ano é de crescimento de 1,45 por cento, indo a 2,50 por cento em 2020.

O ministro da Economia, Paulo Guedes afirmou em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso que a projeção de crescimento do governo para a economia neste ano caiu para 1,5%. Por enquanto, o governo estima oficialmente alta de 2,2% do PIB.