Marco Guimarães é administrador pela ESALQ/USP e trainee pela Agrifatto
Resumo da semana:
Em semana mais curta e com menor número de negociações, a arroba recuou na maioria das praças monitoradas pela Agrifatto. Na média semanal, os preços a prazo recuaram 0,42%.
A duração média das escalas de abate segue acima de 7,0 dias, uma alta de 37% ante a primeira semana de abril, o que permite certa tranquilidade por parte das indústrias na aquisição de matéria-prima.
Em abril, as exportações de carne bovina in natura totalizaram 109,8 mil toneladas embarcadas, um avanço de 56,7% ante o mesmo período de 2018.
No atacado, a virada do mês trouxe recuperação dos preços das carnes, que haviam recuado na segunda metade de abril, respeitando o movimento sazonal.
A média semanal do indicador do boi gordo (Esalq/B3) fechou em R$ 154,21/@, queda de 1,83% quando comparada à semana anterior.
- Na tela da B3
Na esteira do mercado físico, os contratos futuros também recuaram na última semana.
O vencimento para maio/19, que chegou a ser negociado a R$ 155,50 (dia 24/abr), caiu 0,49% no comparativo semanal, fechando o pregão da última sexta-feira (03) em R$ 152,75/@.
Já o contrato futuro para outubro/19 recuou 0,13% no comparativo de 7 dias e fechou em R$ 158,80/@. Esse contrato chegou a ser negociado por R$ 161,00/@ no dia 24 de abril de 2019.
Conforme avaliado nos Fattos Pecuários #21 e #24, os contratos mais curtos recuaram em maior intensidade, refletindo o efeito da transição entre safra e entressafra, bem como a variação negativa registrada nas duas últimas semanas.
Assim, o spread entre os vencimentos maio/19 e outubro/19 se ampliou, passando de 2,53% (ou R$ 3,90/@) para 3,93% (ou R$ 6,00/@) em 30 dias.
- Enquanto isso, no atacado…
Após recuo na segunda metade de abril, a influência sazonal da virada de mês aumentou a demanda por carnes e impulsionou os preços no atacado.
Além disso, a comemoração de Dia das Mães é uma data relevante para o consumo de carne bovina.
O boi casado avançou 0,33% desde o início de maio e está cotado em R$ 10,60/kg. Já considerando o acumulado de 2019, caiu 0,47%.
A carne suína especial subiu 0,71% neste mês e o quilo está balizado em R$ 6,34. No ano, registra alta de 0,79%.
Já a carne de frango resfriada segue estável em R$ 4,79/kg e, em 2019, acumulada alta de 12,57%, reflexo de sua maior competitividade frente a uma economia com alto nível de desemprego e endividamento. A substituição tem ocorrido em maior escala.
Nesta semana, as carnes podem registrar novos avanços e renovar as máximas de 2019.
O spread (diferença de preços entre a carne bovina no atacado e a arroba do boi gordo), que na semana retrasada trabalhou em 1,32% (média), subiu para 2,95% na semana passada.
O avanço do spread é explicado pela alta da carne bovina no atacado e queda da arroba no mercado físico. Nesta semana, o indicador deve se manter acima de 2%.
- No mercado externo
As exportações de carne bovina in natura referentes aos embarques de abril/19 contabilizaram um volume total de 109,80 mil toneladas e uma receita de US$ 415,67 milhões.
A média diária registrada foi de 5,23 mil toneladas, queda de 16,2% em relação à média do mês anterior, mas com avanço de 56,7% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.
É importante lembrar que a mudança na metodologia da SECEX para a contabilização do volume embarcado ainda pode apresentar influência sobre os números do histórico.
O preço médio por tonelada foi de US$ 3.785,53, alta de 1,74% em relação a março/19 e recuo de 5,43% quando comparado com o valor médio de abril/18.
O volume exportado nos quatro primeiros meses de 2019 foi de 446,21 mil toneladas, um avanço de 14,67% ante o mesmo período de 2018, quando foram embarcadas 389,12 mil toneladas.
Para mais detalhes sobre as exportações de carne bovina no primeiro bimestre de 2019 e perspectivas para este ano basta aqui.
- O destaque:
As escalas de abate estão nos maiores patamares desde o início do ano. Em São Paulo e Mato Grosso do Sul, atendem 9,3 e 8,3 dias, respectivamente. No Mato Grosso e Goiás, atendem 6,9 e 7,4 dias. Diante de programações mais cômodas, os preços recuaram.
Além disso, a desvalorização da carne bovina no atacado na segunda metade de abril também contribuiu para diminuir as indicações de compra dos frigoríficos.
Diante desse cenário, o indicador do boi gordo (base São Paulo), que vinha trabalhando pouco abaixo de R$ 160,00/@, recuou e agora trabalha próximo a R$ 155,00/@. Em Goiás, o levantamento da Agriffato constatou queda 1,50% na última semana, para R$ 142,00/@.
- E o que está no radar?
O aumento do consumo sazonal de carne bovina pode pressionar os frigoríficos a comprar animais com maior avidez nos próximos dias, mas se as escalas de abate continuarem confortáveis, isso será o suficiente apenas para manter o mercado nos atuais patamares. Esse é um indicador que deve ser acompanhado de perto para a análise de curto prazo.
As chuvas de abril ainda permitem aos pecuaristas realizarem uma venda compassada dos animais no curto prazo, portanto, a preocupação é o que escalas mais longas podem fazer com os preços quando a estiagem tiver início e forçar a entrega dos animais que estão em pastejo.
As atenções agora se fixam nos vencimentos de maio e junho.
Um abraço e até a próxima semana!