Marco Guimarães é administrador pela ESALQ/USP e trainee pela Agrifatto

Resumo da semana:

Os preços caminharam lateralmente ao longo da última semana, variando conforme a facilidade da indústria para originar matéria-prima.

No levantamento realizado pela Agrifatto, as indicações recuaram em 6 (seis) e avançaram ou ficaram estáveis em 2 (duas) praças. Os preços médios a prazo recuaram 0,21%.

As escalas, que na segunda-feira (22) estavam em 5,4 dias, se alongaram e fecharam a semana em 8,1 dias, alta de 49% para a média brasileira. Em São Paulo e Mato Grosso do Sul, as programações encerraram a semana ainda mais confortáveis, atendendo a aproximadamente 10 dias.

Apesar de as exportações caminharem em bom ritmo, já superando o volume embarcado em abril/18, o consumo interno menor de carne bovina neste período acarretou em quedas no atacado, e o spread (diferença de preços entre a carne bovina no atacado e a arroba do boi gordo) voltou a enfraquecer.

A média semanal do indicador Esalq/B3 ficou em R$ 157,09/@, alta de 0,04% quando comparado com a semana anterior.

  1. Na tela da B3

Após renovarem as máximas no meio da última semana, os contratos futuros recuaram nos últimos pregões, motivados pelo afrouxamento do mercado físico.

O vencimento para abril fechou a última sexta-feira (26) em R$ 156,75/@, alta de 0,16% ante o fechamento da quinta-feira (18). Em abril já acumula alta de 1,00%.

A liquidação do contrato futuro é feita pela média dos 5 (cinco) últimos fechamentos do indicador Esalq/B3. A parcial está em R$ 157,07 (3/05).

O contrato futuro para maio recuou 0,78% na última semana e fechou em R$ 153,50/@, o menor patamar desde o início do mês. Em 2019, acumula alta de 0,75%.

Já o vencimento outubro encerrou a sexta-feira (26) em R$ 159,00/@, queda de 0,56% na semana e alta de 1,27% neste ano.

O spread entre os contratos de maio e outubro, que estava em 2,7% dia 05/abril, fechou a última semana em 3,6%. Conforme projetado na edição do Fatto Pecuário #21, o mercado futuro, neste período, aumentou a diferença de R$ 4,20/@ para R$ 5,5/@ entre os contratos.

  1. Enquanto isso, no atacado…

Com exceção do frango, as carnes do atacado, que atingiram o maior valor do ano na véspera da Páscoa, seguiram a sazonalidade e recuaram na última semana.

A carcaça casada bovina fechou em R$ 10,57/kg, queda de 1,49% na semana. No consolidado de abril, ainda registra avanço de 2,77%.

A carne suína especial caiu 1,71% no comparativo semanal e fechou em R$ 6,33/kg. No mês, recua 0,47%.

Já a carne de frango resfriada fechou em R$ 4,79/kg, com leve alta semanal de 0,52%. Em abril, acumula alta de 6,56%.

O spread (diferença de preços entre a carne bovina no atacado e a arroba do boi gordo), que na semana retrasada trabalhou em 2,16% (média), enfraqueceu para 1,32% na semana passada.

A queda do spread é explicada pelo recuo da carne bovina no atacado e firmeza dos preços no mercado físico.

  1. No mercado externo

As exportações de carne bovina in natura referentes aos embarques dos 14 (quatorze) primeiros dias úteis de abril/19 contabilizaram um volume total de 70,97 mil toneladas e uma receita de US$ 265,31 milhões.

A média diária registrada foi de 5,07 mil toneladas, queda de 18,74% em relação à média do mês anterior, mas com avanço de 51,87% frente ao desempenho do mesmo período de 2018.

O preço médio por tonelada foi de US$ 3.738,62, ligeira alta de 0,48% em relação a março/19 e recuo de 6,60% quando comparado com o valor médio de abril/18.

Se o ritmo diário se mantiver ao longo do mês, deverão ser exportadas 96,31 mil toneladas de carne in natura, volume 37,4% maior ante o embarcado em abril/18 (70,09 mil ton.).

Para mais detalhes sobre as exportações de carne bovina no primeiro bimestre de 2019 e perspectivas para este ano basta aqui.

  1. O destaque:

A Peste Suína Africana (PSA) finalmente entrou no radar do mercado pecuário e impulsionou os contratos futuros mais longos do boi gordo. Parece que o mercado finalmente enxergou o enorme estrago provocado pelo surto.

Leia mais em análises anteriores aqui, aqui e aqui.

Na última semana, o vencimento outubro chegou a ser negociado em R$ 161,00/@, mas acabou recuando e encerrou a sexta-feira (26) em R$ 159,00/@.

Houve também volume expressivo de compra de calls (opção contra a alta de preços) com strike em R$ 170,00/@, um possível sinal de preocupação do mercado com preços acima desse patamar nos últimos meses deste ano.

Esse seguro é indicado para indústrias frigoríficas que desejam comprar animais com um valor máximo de R$ 170/@. Pecuaristas que precisam comprar reposição também podem utilizar essa ferramenta, fazendo o hedge do bezerro ou boi magro através de opções de compra de boi gordo.

  1. E o que está no radar?

O alongamento das escalas de abate permitiu aos frigoríficos testar indicações abaixo do praticado na maioria das praças.

A expectativa é que os contratos futuros mais curtos passem por acomodações, na esteira do avanço da oferta de animais com diminuição da intensidade de chuvas e aproximação da virada da safra.

Por outro lado, os contratos da entressafra, ainda que também passem por ajustes, devem exibir maior sustentação pelo viés firme da demanda externa adiante. Se for confirmado o cenário de queda mais expressiva para os contratos da safra, o spread entre os vencimentos maio e outubro deve se ampliar ainda mais.  

Um abraço e até a próxima semana!