(Reuters) – O dólar fechou esta quinta-feira na maior queda em duas semanas, encerrando o dia na casa de 3,95 reais após superar a resistência psicológica dos 4 reais no começo do pregão.

O dólar à vista caiu 0,76 por cento, a 3,9561 reais na venda. Na máxima de mais cedo, a cotação alcançou 4,0071 reais. Na B3, a referência do dólar futuro cedia 1,10 por cento, a 3,9495 reais.

A moeda brasileira teve o melhor desempenho entre as principais divisas nesta sessão. Na quarta-feira, o real havia ocupado a vice-liderança nas perdas, com o dólar fechando no maior patamar em quase sete meses.

O mercado vendeu dólares depois de o diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra Fernandes, dizer que a autoridade monetária não tem “preconceitos” em relação ao uso de qualquer instrumento cambial e dar destaque à possibilidade da oferta de linhas.

“O BC deu uma leve ameaça de intervenção com essa fala”, disse Victor Candido, economista-chefe da Guide Investimentos.

As declarações do diretor do BC ocorreram justamente num momento marcado por nova escalada do dólar para o nível de 4 reais, o que gerou no mercado a sensação de que o BC pode estar incomodado com tal patamar.

“A fala do Bruno provocou ‘stop’ dos comprados”, disse um gestor de um fundo na capital paulista.

Nesta semana, o BC já havia dado sinais de maior atenção ao câmbio. A autoridade monetária anunciou de forma antecipada o início em 2 de maio das rolagens de contratos de swap cambial com vencimento em julho. A autarquia ressalvou que os montantes a serem ofertados poderão ser revistos “sempre que necessário”.

No caso dos leilões de linha, o BC vendeu no fim de março 1 bilhão de dólares nessa modalidade de operação, o que elevou o estoque desses recursos a quase 9 bilhões de dólares.

Em abril, o dólar avança 1,04 por cento frente ao real, depois de em março ter saltado 4,32 por cento, na maior alta mensal desde agosto do ano passado (8,46 por cento).

Mas para o economista da Guide Investimentos boa parte dos ganhos da moeda estão ligados ao ambiente externo, onde o dólar tem mostrado força generalizada. Nos cálculos de Candido, o ambiente internacional responde por cerca de 80 por cento do preço do câmbio no Brasil.

“E como esperamos alívio no dólar lá fora e aprovação da reforma aqui, acreditamos que o nível de 4 reais não é sustentável”, afirmou o economista, estimando taxa de câmbio em torno de 3,70 reais nos próximos meses.