Gustavo Machado é consultor de mercado pela Agrifatto
A partir de março de 2018, os preços mais altos do milho pressionaram o poder de compra do pecuarista, com esse cenário sendo revertido apenas no 2º semestre daquele ano, período de entressafra de capim e oferta do milho safrinha.
Já no início deste ano, o poder de compra ficou novamente comprimido, com médias mensais gradualmente menores, pressionadas pelo insumo novamente valorizado, chegando a alcançar R$ 42,00/sc ao final de fevereiro deste ano, enquanto a arroba era negociada ao redor de R$ 152,00 em São Paulo.
A tendência registrada no estado de São Paulo também se repetiu pelo interior do país, já que os avanços das referências do milho foram generalizados neste período de entressafra, enquanto os reajustes para a arroba foram mais comedidos, resultado da baixa liquidez no mercado físico.
No Mato Grosso, por exemplo, a relação de troca alcançou a menor média mensal do ano em março, balizado ao redor de 5,74 sacas por arroba.
O fato é que as expectativas são positivas para o poder de compra dos próximos meses, afinal, as referências do milho vem passando por importantes acomodações, enquanto o bovino terminado vem sendo disputado pela indústria.
Neste sentido, os indicadores do CEPEA começaram a semana em sentidos opostos. A referência de Campinas para o milho caiu ao menor patamar do ano, com fechamento em R$ 37,79/sc.
Por outro lado, o indicador do boi gordo subiu ao maior valor nominal em mais de 2 anos e 9 meses, o patamar em R$ 157,45/@ não era registrado desde junho de 2016.
Além disso, os preços futuros apontam para relação de troca em patamares cada vez maiores ao longo dos próximos meses, com pico projetado para agosto/19 – projeção da arroba em R$ 156,20 e da saca de milho em R$ 34,06.
E a combinação de maior poder de compra do pecuarista, com o comprometimento da engorda dos animais via pasto, deve levar a ampliação de uso de sistemas intensivos de engorda nesta temporada.
Observe que o volume de chuvas começou a temporada acima da média para o período, com acumulados mensais de 200 mm em outubro e novembro em SP, além de alcançar média acima de 350 mm no Mato Grosso (médias estaduais).
Mas o principal impacto ficou para o veranico na passagem do ano, com a precipitação caindo para 85 mm na média do estado de SP em janeiro.
E apesar da expectativa de outono relativamente mais úmido, o histórico demonstra como as chuvas ficam mais esparsas a partir de abril/maio.
Portanto, após um período de safra de capim com baixa oferta de animais prontos, há o risco de expansão dos animais destinados ao cocho no 2º semestre com concentração de oferta.
Essa perspectiva deverá ser confirmada ao longo dos próximos meses, mas acende um sinal amarelo quanto as estratégias de comercialização na entressafra.