O Produto Interno Bruto (PIB) do País tem tendência de baixa nas projeções dos analistas nas próximas semanas. Além da atividade aquém do esperado, o motivo seria a sensibilidade ao imbróglio político e ao atraso no andamento da reforma da Previdência.
Fora os baixos números que a atividade econômica do primeiro trimestre sinaliza, a percepção sobre o novo governo e a capacidade de aprovação da reforma da Previdência influenciam nas estimativas dos analistas.
“Apesar da redução não ser significativa em relação aos dados da semana passada, é bastante simbólica. Os dados iniciais deste ano estão vindo abaixo do esperado, o ambiente político anda bastante conturbado e mesmo que a reforma previdenciária passe, ela não será o suficiente para trazer um crescimento robusto no curto prazo”, avalia o pesquisador sênior de economia aplicada do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Marcel Balassiano.
Ao mesmo tempo em que os próprios dados de consumo não reagem como o desejado e que o investimento por parte dos empresários ainda está estacionado, a agenda vagarosa do governo também acaba refletindo no relatório Focus. De acordo com a especialista da Mongeral Aegon Investimentos Patricia Pereira, esse canal de expectativas já não é mais suficiente para fazer com que a atividade econômica avance.
“Essa perspectiva também vem em linha com uma agenda que está aquém do necessário para estancar o problema fiscal do Brasil e a situação continuará pessimista enquanto não houver uma melhora palpável e uma aprovação concreta da reforma”, diz Pereira, reiterando que, nesse cenário, a melhora do PIB e suas projeções mais altas são “postergadas para 2020”.
Já segundo a economista para América Latina da Coface, Patrícia Krause, mesmo com a baixa forte nas previsões do PIB, o relatório Focus ainda está muito otimista. “Consideramos um crescimento de 1,5% do PIB para este ano, com as perdas da confiança e os maus resultados do mercado de trabalho. Além disso, os ruídos políticos já influenciam em um maior temor de empresários sobre o futuro do País”, afirma.
Compasso de espera
Os especialistas entrevistados pelo DCI também pontuam o compasso de espera do mercado em precificar determinadas projeções para este ano. Tanto os dados de câmbio quanto da taxa básica de juros (Selic) estão no mesmo patamar há oito semanas, de R$ 3,70 e 6,50% ao ano, respectivamente.
“É preciso ter o caráter temporal em mente. Todos a situação complicada de semana passada pode ter influenciado na percepção dos economistas e, daqui pra frente, a reforma da Previdência tem um aspecto estimulante que pode reverter todos os indicadores de novo. Temos que esperar para traçar estimativas”, complementa Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.