O conhecimento e a tecnologia que o Brasil possui nos setores da produção agrícola, automotivo, serviços financeiros e de óleo e gás estão no foco dos interesses do governo e das empresas da Nigéria.
“Há muitas oportunidades de colaboração entre Nigéria e o Brasil. Para nós, nos interessa, particularmente, o conhecimento brasileiro na área da agricultura, serviços financeiros, setor automotivo e de construção civil”, destacou a ministra nigeriana.
Na reunião, também foi debatido como as duas nações podem integrar as suas cadeias de produção e internacionalizar suas empresas.
O diretor-geral do Bank of Industry da Nigéria, Leonard Kange, reforçou que o interesse nigeriano no know-how (conhecimento prático) brasileiro, especialmente na agricultura, está relacionado com as similaridades que os dois países têm em termos de clima, população e indústria. Além do setores elencados pela ministra da Indústria, Kange cita que a tecnologia brasileira na área de petróleo e gás natural é outra necessidade da Nigéria neste momento.
Números das trocasEm 2018, a balança comercial do Brasil com a Nigéria ficou deficitária em US$ 964 milhões, decorrente de exportações no valor de US$ 667 milhões e importações de US$ 1,631 bilhão. Dentre os principais produtos que o Brasil vende para a Nigéria, estão o açúcar em bruto (56%), ônibus (17%), fumo (4,6%) e tratores (2%). Já as nossas compras da Nigéria são, basicamente, petróleo em bruto (84%), seguido de ureia (8,2%) e gás natural (6,8%), segundo dados do Ministério da Economia.
A presidente da Câmara de Comércio Brasil África (Ecowas Brazil), Silvana Saraiva, afirma, por outro lado, que o processo de diversificação da economia não só da Nigéria, como de outros países africanos é uma oportunidade para o Brasil ampliar suas exportações.
“Muitos países africanos estão com crescimento acelerado, o que tem possibilitado a diversificação das suas economias. Porém o Brasil não tem aproveitado essa potencialidade”, diz Saraiva. O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do continente africano cresça 4,0% em 2019 e 4,1% em 2020.
A presidente da Ecowas Brazil afirma que, como a indústria africana ainda não está fortalecida, as oportunidades de exportação e investimentos na África estão na área de máquinas e equipamentos, além de tecnologia, seja na forma de oferta de serviços, conhecimento e mercadorias.
“Falta ao empresário brasileiro ter mais conhecimento do mercado consumidor africano e saber que os bancos de lá, por exemplo, estão bastante fortalecidos”, ressalta Saraiva. Em relação às nossas importações, a presidente da Ecowas Brazil diz que as compras brasileiras de manteiga de karité da Nigéria e de pasta de cacau da Costa do Marfim tem crescido, porém ainda há potencial para uma expansão maior.
A balança comercial do Brasil com a África ficou positiva em US$ 1,558 bilhão em 2018, resultado de exportações no valor de US$ 8,1 bilhões e importações de US$ 6,6 bilhões. Nossas vendas à África se concentram em açúcar, carnes e minério de ferro, enquanto as compras, em petróleo bruto. (DCI)