(Reuters) – Depois de um solavanco logo no começo do pregão, quando superou os 4 reais pela primeira vez em cerca de seis meses, o dólar perdeu força e fechou em firme queda nesta quinta-feira, com investidores repercutindo as tentativas de trégua entre Executivo e Legislativo, depois de dias de elevada tensão.
O dólar à vista terminou em baixa de 0,94 por cento, a 3,9174 reais na venda.
Na B3, a referência do dólar futuro acelerou a queda após anúncio do relator da reforma da Previdência na CCJ, deputado delegado Marcelo Freitas (PSL-MG). Próximo do fechamento, era cotado a 3,9015 reais, em queda de 2,3 por cento.
“O anúncio permite que o cronograma avance. E com isso podemos ter materializado nosso cenário-base, que contempla aprovação da reforma da Previdência”, afirmou David Beker, estrategista do Bank of America Merrill Lynch, que mantém estimativa de dólar a 3,60 reais ao fim de 2019.
Na véspera, o dólar à vista havia disparado 2,27 por cento, a 3,9545 reais, no maior patamar desde 1º de outubro passado (4,0183 reais). Apenas na quarta-feira, fundos de investimento compraram, em termos líquidos, cerca de 2 bilhões de dólares em contratos de dólar futuro, cupom cambial e swap cambial, segundo dados da B3.
Nos primeiros minutos desta quinta, o dólar escalou para 4,0165 reais. Em seguida, porém, um movimento de realização de lucros começou a ganhar força no mercado. A amenização de tom por parte de autoridades do governo, incluindo os presidentes da República, Jair Bolsonaro, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ajudou a reduzir o clima bélico que catapultou o dólar nos últimos dias.
Operadores comentaram ao longo do dia que o melhor termômetro para o sentimento no mercado de câmbio nesta sessão é o dólar futuro, que operou em queda desde cedo. Na véspera, o mercado futuro captou a nova rodada de troca pública de farpas entre Bolsonaro e Maia. No fim da quarta-feira, o dólar futuro havia superado os 4,00 reais.
As operações com dólar futuro se encerram às 18h, uma hora depois do fim do pregão no mercado interbancário.
A venda de 1 bilhão de dólares em linhas de dólares por parte do Banco Central nesta quinta-feira reforçou o viés de realização de lucros no mercado. “Foi uma operação para dizer ao mercado que ele (BC) está atento e não deixará acontecer disfuncionalidade”, disse o gestor sênior de câmbio da Absolute Investimentos, Roberto Campos.
As vendas de dólares no Brasil também tiveram espaço com o ambiente externo menos arisco. Moedas emergentes de perfil semelhante ao real, como peso mexicano e rand sul-africano, zeraram as perdas ante o dólar na sessão, depois de dias de perdas.