A economia brasileira tem capacidade de crescer 2,3% ao ano atualmente. Porém, esse número já foi maior. Nos 30 anos anteriores à recessão (2015-2016), o Produto Interno Bruto (PIB) potencial do País foi, em média, de 3,3%.

É o que afirmou ontem o secretário da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP), Henrique Meirelles, durante uma palestra na ESPM, na capital paulista.

O PIB potencial é a capacidade que a economia tem de expandir sem gerar pressão inflacionária. “No curto prazo, nós temos condições de crescer até 3,5%, porque ainda há muita capacidade ociosa na economia por conta da recessão. O problema é que, hoje, a confiança das empresas está baixa”, ressaltou Meirelles.

“O ano de 2019 iniciou com as expectativas [de PIB] animadas. Mas depois começou esse debate sobre se aprova ou não a reforma da Previdência Social e então diminuiu um pouco”, disse. Do final de fevereiro até esta semana, a projeção do mercado financeiro para o crescimento do PIB em 2019 caiu de 2,48%, para 2,00%.

Porém, no médio e longo prazo, dificilmente o Brasil conseguirá ter expansão acima de 2,3%, por conta da baixa produtividade da economia.

Sobre este ponto, a economista e professora da ESPM, Cristina Helena Pinto de Mello, ressaltou que a reforma tributária deveria ter sido escolhida como a pauta econômica principal deste momento.

Na avaliação dela, esta reforma poderia ter mais efeitos positivo sobre o crescimento no curto prazo, do que as mudanças na Previdência, além de contribuir para aumentar a produtividade do País.

“Nós já fizemos reformas na nossa Previdência em diversos momentos desde 1988. Porém, desde a constituinte, nenhuma reforma tributária foi feita”, destacou Cristina Helena. “As mudanças na Previdência têm impacto praticamente nulo sobre a questão fiscal no curto prazo. Portanto, não teria sido melhor fazer uma reforma tributária que permitisse um ambiente econômico mais produtivo e dinâmico e que recuperasse a capacidade de participação dos estados e municípios na arrecadação total?”, questionou a professora.

Impactos da ociosidade

A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada ontem, reforçou, inclusive, que a economia brasileira segue operando com “alto nível de ociosidade dos fatores de produção”. Esta elevada ociosidade está refletida “nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego”, disse o BC.

Após à sua palestra, Meirelles informou números sobre o estado de São Paulo. A economia paulista costuma crescer acima da média do Brasil, o que indica que o PIB do estado pode avançar 3% em 2019, impulsionando uma alta de 3,1% na arrecadação de impostos.

Meirelles comentou ainda sobre as operações de concessões e privatizações do estado. “A nossa expectativa é colocar a Sabesp para ser privatizada ou capitalizada ainda este ano. E a concretização disso deve se dar no início do próximo ano. Esta é a maior e a mais importante empresa do estado”, ressaltou o secretário. (DCI)