(Reuters) – As exportações da China tiveram em fevereiro a maior queda em três anos enquanto as importações caíram pelo terceiro mês seguido, indicando mais desaceleração da economia e provocando temores sobre uma “recessão comercial” apesar de uma série de medidas de suporte.
Investidores globais e os principais parceiros comerciais da China estão observando de perto as reações de Pequim conforme o crescimento econômico esfria em relação à mínima de 28 anos do ano passado. Mas o governo prometeu que não irá recorrer a um estímulo maciço como no passado.
As exportações em fevereiro caíram 20,7 por cento em relação ao ano anterior, maior queda desde fevereiro de 2016, mostraram dados da alfândega. Economistas consultados pela Reuters esperavam recuo de 4,8 por cento após o salto inesperado de janeiro de 9,1 por cento.
“Os números de comércio de hoje reforçam nossa visão de que a recessão comercial da China começou a surgir”, escreveu em nota Raymond Yeung, economista do ANZ.
As importações recuaram 5,2 por cento sobre o ano anterior, contra expectativa de analistas de queda de 1,4 por cento e ante recuo de 1,5 por cento em janeiro. As importações das principais commodities caíram de forma generalizada.
Isso deixou o país com um superávit comercial de 4,12 bilhões de dólares no mês, muito menor do que a previsão de 26,38 bilhões de dólares.
Analistas alertam que os dados da China nos dois primeiros meses do ano devem ser vistos com cautela devido ao feriado do Ano Novo Lunar, que caiu em meados de fevereiro em 2018 mas começou em 4 de fevereiro neste ano.
“Distorções sazonais em torno do feriado do Ano Novo chinês somaram-se ao ruído para os dados de exportações nos últimos dois meses, e na nossa visão explicam a maior parte da surpresa (em relação ao consenso)”, disseram analistas do Goldman Sachs, cuja expectativa de queda de 20 por cento das exportações era a mais pessimista na pesquisa da Reuters.
Mas eles destacaram que a força das exportações em uma base de três meses se moderou de forma significativa desde o terceiro trimestre do ano passado e disseram que o “crescimento deve permanecer fraco no futuro próximo”.