O ano de 2019 tende a ser marcado pela melhora no mix de vendas externas dos produtos da Marfrig Global Foods, cujas operações estão localizadas na América do Sul. Em entrevista ao Broadcast Agro, o CEO da companhia, Eduardo Miron, destacou a possibilidade de ampliação das habilitações de plantas brasileiras para a China, o embarque de produtos da Argentina para os Estados Unidos e a recente abertura do mercado japonês para a carne bovina do Uruguai.

Nos doze meses do ano passado, a operação América do Sul da Marfrig – que engloba Brasil, Argentina, Uruguai, e Chile – obteve receita líquida de R$ 12,7 bilhões, alta de 26% em relação a 2017. No último trimestre de 2018, a receita atingiu R$ 3,2 bilhões, um avanço de 2% ante igual período de 2017. Segundo balanço financeiro, o efeito cambial da valorização do dólar compensou o menor volume de vendas e a queda no preço médio dos produtos ocorrida durante o quarto trimestre.

Com relação ao mercado externo, o CEO lembra que a Marfrig foi uma das companhias inspecionadas pela última missão chinesa ao Brasil, ocorrida em meados de novembro e, portanto, espera que pelo menos duas novas plantas sejam habilitadas pelo país asiático neste ano. “Pode acontecer a abertura dos Estados Unidos para (a carne bovina in natura) do Brasil. Não há nenhum impedimento técnico que evite isso”, ressalta.

Miron afirma que o Brasil é o principal responsável pelo desempenho da empresa na América do Sul. Para ele, já é possível perceber alguma reação na performance do consumo doméstico, mas poderia ser ainda melhor, mediante cenários mais favoráveis de emprego e renda. “Contamos com a recuperação econômica e a aprovação de reformas como a da Previdência. Sabemos dos desafios, mas acreditamos nisso”, estima o executivo. Neste contexto, a perspectiva é de que o câmbio permaneça estável, em linha com a média atual de R$ 3,75 a R$ 3,80, e diferente da volatilidade vista em 2018. “Com o novo governo, não é difícil prever que 2019 será melhor que 2018”, avalia.

A Argentina foi classificada como a unidade com o melhor desempenho do último trimestre e vem de dois trimestres consecutivos positivos. O CEO conta que o governo do país vizinho tem apostado no segmento de bovinos e isto está se refletindo em resultados favoráveis para as empresas do setor. Este foi outro fator que, segundo Miron, justificou a compra da Quickfood, da BRF. “A Quickfood é líder de mercado local com as marcas Paty, de hambúrgueres, e Vieníssima!, de salsichas. Fomos nós quem vendemos a Quickfood para a BRF, a um valor superior, e agora a compramos por um montante mais baixo e muito mais interessante”, pontua.

Quanto ao Uruguai, o destaque foi a abertura para o mercado japonês, visto que a produção pecuária tem características mais estáveis do que nos demais países da América do Sul. A empresa tem se beneficiado dos escritórios comerciais norte-americanos, que já têm o Japão como cliente, para fazer as negociações do produto exportado pelo Uruguai ao país asiático. Para Miron, o ciclo do gado está favorável tanto para as operações latinas quanto a da América do Norte, e não há previsão de instabilidades nos custos de produção do setor.

América do Norte
Em 2018, a operação norte-americana da Marfrig, que inclui a National Beef e a fábrica de hambúrgueres de North Baltiomore, em Ohio, somou R$ 28,7 bilhões em receita, aumento de 17,3% no comparativo anual. No quarto trimestre do ano passado, a receita foi de R$ 7,4 bilhões, 17% maior que o montante registrado em igual período de 2017. Miron explica que 90% da produção destas unidades é voltada para os Estados Unidos. “Estamos aproveitando o bom momento da economia americana e do ciclo do gado”, diz. Ainda de acordo com o executivo, os 10% da produção norte-americana que vão para exportação tem o Japão como principal comprador – responsável por metade das importações – e, em seguida, a Coreia do Sul. (AE)