Marco Guimarães é administrador pela ESALQ/USP e trainee pela Agrifatto

 

Após uma queda forte de 66,8% para as exportações de bovinos vivos em 2015 em relação à temporada anterior, o ritmo positivo de embarques foi retomado, tendo alcançado uma taxa de crescimento anual média de 57,9% entre 2015 e 2018.

Entre 2008 e 2015, a Venezuela configurava como o principal mercado importador, representando, em média, 74,4% do volume total de animais exportados. Mas a grave crise econômica que atingiu o país vizinho anulou aqueles embarques e fez com que o mercado brasileiro exportador de animais vivos se reacomodasse.

Já em 2018, foram exportados 784,32 mil animais, o maior valor da série histórica, com crescimento de 95,8% no comparativo anual.

 

Segundo os dados divulgados pelo Ministério da Economia, em janeiro de 2019 o país embarcou 37,55 mil cabeças. Trata-se de um recuo de 5,7% ante dezembro/18. Entretanto, quando comparado com o mesmo período do ano passado, houve avanço de 55,4%.

Ao longo dos últimos 10 anos, as exportações de bovinos em pé passaram por grandes transformações, especialmente quanto aos seus destinos.

Em 2008, o Brasil exportava para 4 (quatro) países, entretanto, os embarques para Venezuela (72,4%) e Líbano (27,4%) representavam 99,8% do total. Com a queda e, posteriormente, retirada da Venezuela deste mercado, a Turquia passou a embarcar volumes crescentes a partir de 2016.

Em 2018, a Turquia importou 546,88 mil animais, configurando como principal destino. Em segundo e terceiro lugar aparecem Egito e Líbano, com 103,55 e 58,68 mil cabeças, respectivamente.

Nos últimos meses do ano passado, as vendas para os turcos desaceleraram e se aproximaram do cenário visto em janeiro deste ano, com Egito e Iraque aparecendo como os principais destinos. Entretanto, as vendas para a Turquia devem se fortalecer nos próximos meses.

Os principais estados de origem dos animais exportados não sofreram alterações nos últimos anos. O Pará, que em 2018 originou 54% do volume, sempre teve papel de protagonista, aparecendo como o principal estado exportador.

 

Já o Rio Grande do Sul e São Paulo, no mesmo período, foram responsáveis por 21% e 16% do número de animais embarcados, respectivamente.

A participação dos estados nos embarques está diretamente relacionada com os portos por onde os animais serão enviados ao exterior. O principal porto de escoamento é o de Barcarena, no Pará, com mais de 60% do total (dados de 2017).

As posições subsequentes são ocupadas pelo porto de Rio Grande (RS), São Sebastião (SP) e Santos (SP), respectivamente.

As exportações crescentes de bovinos em pé podem ajudar a firmar os preços regionais do mercado de reposição, posto que a origem dos animais enviados ao exterior é concentrada e a principal categoria participante é a de garrotes.

Além disso, a venda para o mercado externo chega a ser até 35% mais vantajosa que a comercialização no mercado interno, aumentando o interesse de pecuarista em explorar este mercado.

Ao comparar as exportações totais de animais vivos em 2018 com o volume de animais abatidos no Brasil projetado pela Agrifatto, nota-se uma representatividade de 2% sobre o que é processado internamente. Em 2015, essa relação era de 0,57%, o que evidencia o aumento da importância desse mercado sobre a demanda total, especialmente quando se considera as influências regionais sobre o preço dos animais negociados.

Obs.: Os dados desta análise não consideram as exportações de animais de reprodução.