O assunto do momento em relação ao agronegócio está sendo o fim dos subsídios na agropecuária.

Manifestações iradas por uns, indignadas por outros, concordâncias, discordâncias… não podemos “desmamar“ da noite para o dia o setor.

Muito bem, fui buscar a fonte com cara que já foi secretário de Política Agrícola no governo, presidiu a bolsa de mercadorias, é agrônomo e economista do agro, e por vezes foi premiado,  Ivan Wedekin.

Perguntei: “Ivan, como é essa história do crédito, do subsídio no Brasil?”
“O crédito rural é sim essencial, representa cerca de 40% das necessidades do custeio e da comercialização“, respondeu Ivan.

“Agora, o que tem de subsídio nisso?”, perguntei. E ele respondeu: “Praticamente nada. O subsídio existente é ridículo, significa apenas um valor de equalização, e está na ordem de apenas R$ 5 bilhões de reais, num país que paga 400 bilhões de juros por ano; um setor em que somada toda a conta devedora do crédito rural brasileiro, atingimos o valor de R$ 320 bilhões para obter um valor bruto da produção agropecuária, ou seja, todo o faturamento na casa de R$ 570 bilhões de reais.

O governo dirige parte dos depósitos da caderneta de poupança dos depósitos para o crédito rural. Porém, o dinheiro que a sociedade brasileira coloca como o tal do subsídio é ridiculamente ínfimo.

Em outras palavras, o que o ex-secretário de Política Agrícola, Ivan Wedekin, que atuou ao lado do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, nos informa é que não há desmame para ser feito. O animal agro já foi eficientemente desmamado, e agora só gera resultados.

Não há cortes radicais. O agro brasileiro é o menos subsidiado do planeta, e a conta desse subsídio é de ridículos R$ 5 bi num setor que permite gerar um montante de quase R$ 2 trilhões na soma de suas cadeias produtivas. Uma agrossociedade além do agronegócio.

Está na hora de aprendermos comunicação. A mulher de César não basta ser séria, precisa parecer. Percepções…

Se não soubermos fazer isso, a percepção que fica e que se transforma em realidade é que estamos no agro mamando em tetas generosíssimas. Pelo contrário! Deixa os 5 bi aí o agro já é mega liberal, e pra ser liberal mesmo no Brasil, tem que tirar o governo da folia de outro carnaval, o que gera a enorme dívida pública e pagamentos de juros abissais.

O nó górdio do país, em outras searas, não no agro, que ainda paga por todo custo estrutural brasileiro e compete globalmente. (Jovem Pan)