O contingente de desempregados no Brasil atingiu 12,836 milhões de pessoas em 2018, 398 mil a menos do que em 2017 (13,234 milhões). Esta retomada é considerada tímida por especialistas e a projeção é de que a taxa de desemprego fique em mais de 10% nos próximos quatro anos.
Na comparação com o ano de 2014, quando haviam 6,743 milhões de pessoas sem trabalho, o total de desocupados dobrou no País, mostram dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados ontem.
Na avaliação do pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), Daniel Duque, a recuperação do mercado de trabalho tem sido muito frágil, não só devido à resiliência da taxa de desocupação, como pelo crescimento da ocupação por meio da criação de vagas informais.
A projeção de Duque é que a taxa de desemprego caia de 12,3% em 2018, para 12% em 2019. “A expectativa é que a taxa de desemprego só volte para a casa de um dígito em 2023”, reforça Duque. Segundo previsões do Itaú Unibanco, na média do ano, a taxa de desocupação deve chegar a 11,7% este ano, e cair lentamente ao longo de 2020 (11,2%), 2021 (10,6%) e 2022 (10,2%).
O especialista em mercado de trabalho, Renan Pieri, da Escola de Economia de São Paulo (EESP-FGV), ressalta que este cenário de recuperação tímida se explica pela permanência das incertezas econômicas no Brasil. “Os investimentos volumosos, que são o que geram emprego, só irão voltar quando o empresário tiver mais certeza de como se dará a política econômica”.
Política públicaPara Pieri, por outro lado, o governo poderia criar políticas públicas para incentivar a geração de postos de trabalho, como um estímulo maior ao microcrédito por meio dos bancos públicos ou programas de requalificação profissional.
“Na crise, muitos chefes de família perderam o emprego. Então seria importante que houvesse iniciativas de requalificação profissional para este grupo”, comenta Pieri. “Em relação ao microcrédito, há muita linha de financiamento para as áreas rurais, mas ainda é pouco pelo momento que estamos passando na nossa economia”, destaca Pieri.
Outros dados do IBGE mostram que, entre 2014 e 2018, o número de empregados no setor privado caiu 2,869 milhões, ao passar de um total de 46,987 milhões de pessoas, para 44,118 milhões. Em quatro anos, um total de 3,681 milhões deixaram de ter carteira assinada (de 36,6 milhões em 2014, para 32,9 milhões em 2018). Já os postos sem carteira cresceram em 811 mil em quatro anos, ao passarem de 10,3 milhões, para 11,2 milhões.
O número de empregadores cresceu 16,8% em quatro anos, para 4,423 milhões, enquanto os trabalhadores por conta própria avançaram 9,6% no período, para 23,3 milhões.
Diante deste cenário de expansão da informalidade no Brasil, houve uma queda de 2,1%, para 58 milhões, em quatro anos, no número de pessoas que contribuem para a Previdência Social.
Em 2018, o Brasil também bateu recorde de pessoas em situação de desalento e subocupados. “Não adianta só cair o desemprego. Tem gente que trabalha menos horas, tem pessoas que desistem de procurar trabalho por estarem desalentadas”, destacou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
A população em situação de desalento bateu recorde de 4,736 milhões em 2018, enquanto os subocupados por insuficiência de horas trabalhadas chegou a 6,619 milhões na média anual. Faltou trabalho, em média, para 27,301 milhões de brasileiros em 2018.