(Reuters) – Brasil e China devem realizar suas primeiras conversas políticas e econômicas de alto nível desde 2015 no final deste ano, disse o diretor do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Itamaraty à Reuters, nesta quinta-feira, em uma ação que provavelmente intensificará o comércio agrícola bilateral.

O primeiro encontro da comissão sino-brasileira de alto nível (Cosban), que se reuniu pela última vez durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, é “muito provável” para o segundo semestre, disse Orlando Leite Ribeiro.

A reunião deve dar impulso a conversas para que mais processadoras de carne do Brasil exportem à China e para acelerar as aprovações chinesas de produtos modificados geneticamente (GMO), disse Ribeiro em uma entrevista.

A China é a maior parceira comercial do Brasil e a maior importadora de soja e carne bovina do país.

As exportações brasileiras à China totalizaram 64,2 bilhões de dólares no ano passado, um aumento de 35 por cento na comparação anual, graças em parte ao fato de Pequim ter aumentado as importações de soja da nação sul-americana em meio a uma guerra comercial com os Estados Unidos.

A China enviou uma delegação ao Brasil em dezembro para visitar processadoras de carne bovina e de aves, e estuda permitir que um número maior delas exporte.

“Nossa expectativa é que isso resulte em aberturas. Este é um ano muito importante com a China, teremos o Cosban, então quero crer que neste ano teremos boas notícias, grandes avanços”, afirmou Ribeiro.

Quanto às aprovações de GMO, muitas vezes os agricultores brasileiros não podem usar as novas tecnologias de sementes por causa do temor de não conseguirem vender sua safra para os chineses antes de uma aprovação de Pequim, explicou.

Alguns produtos esperaram mais de dois anos para serem aprovados depois que a China reduziu a frequência de reuniões de aprovação vários anos atrás, disse Ribeiro.

“A expectativa é reiniciar estas conversas e acelerar o processo de aprovações.”

As negociações do Cosban foram suspensas porque costumavam ser conduzidas pelo vice-presidente, cargo que ficou vago quando Michel Temer assumiu a presidência na esteira do impeachment de Dilma em 2016.