Por Marco Guimarães – Administrador e trainee pela Agrifatto

Resumo da semana:

O início de 2019 segue lento, com a liquidez em baixa mantendo preços sustentados e incertezas no radar, especialmente de médio-prazo.

Após um período de “reconhecimento” de como a demanda interna iria se comportar após as festas, as cotações registram alívio na metade deste mês. Entretanto, se no início de 2019 a referência paulista ficava em R$ 153,00, atualmente, a arroba segue balizada em torno de R$ 151,00.

Na comparação semanal, as programações de abate se alongaram, reforçando o cenário de preços mais frouxos, ou seja, da chegada da safra. Na média dos estados levantados, as escalas aumentaram 25,90%, atualmente com 7,6 dias úteis de duração. Em São Paulo, a média passou de 6,0 para 8,4 dias.

Após alta de 11% em 2018, as exportações iniciaram o ano mantendo o bom ritmo, o que tem sido importante fator de sustentação para os preços pecuários. Entretanto, o principal determinante da arroba será a oferta de animais terminados nas próximas semanas.

 

  1. Na tela da B3

Os contratos futuros do boi gordo iniciaram a segunda semana de janeiro com baixa liquidez na B3 (antiga BM&F).

A grande volatilidade do indicador Esalq/BM&F nos primeiros dias de 2019 gerou insegurança para as negociações do mercado futuro. Com as mínimas e máximas variando entre R$ 149 e R$ 154,70/@.

Ao longo da última semana, o contrato para janeiro recuou 0,26%, com fechamento na última sexta-feira (11/jan) em R$ 152,30/@.

Já o contrato para fevereiro foi na direção contrária, subindo 0,16% ao longo da última semana e balizado em R$ 152,55/@.

Vale destacar a liquidez restrita na B3, dificultando a formação da curva futura.

 

  1. Enquanto isso, no atacado…

Após um final de ano de preços mais firmes, e com consumo doméstico aquecido, a carcaça casada registrou avanço de 4,64% ao longo de dezembro, fechando 2018 em R$ 10,82/kg e quebrando patamares nominais históricos.

Entretanto, como é comum em janeiro, as cotações perderam força na última semana e recuaram 1,47%, para R$ 10,72/kg. No mesmo período, a arroba caiu 1,03%, ficando em R$ 149,05/@.

A diferença de preços entre o equivalente físico e a arroba do boi gordo, entretanto, tem registrado valorização neste início de ano, tendo como driver principal a queda do valor no balcão do frigorífico.

A demanda de carne bovina no mercado interno deve ainda perder mais uma parte do seu fôlego em decorrência das festas de final de ano, aquisição de material escolar, IPVA, IPTU, entre outros gastos que inflam o orçamento familiar.

No comparativo semanal, a carcaça especial suína recuou 3,18%, para R$ 6,09/kg. Já o quilo do frango resfriado, no mesmo período, avançou 0,71%, para R$ 4,29/kg.

 

  1. No mercado externo

Após fechar 2018 com volume recorde, exportando 1,35 milhão de toneladas de carne bovina in natura, os embarques continuam em bom ritmo no início deste ano.

Nos três primeiros dias úteis de 2019 foram exportadas 19,2 mil toneladas, constituindo uma média diária de 6,41 mil toneladas contra 6,33 de dezembro/18 e 4,52 mil toneladas de janeiro/18.

Se o ritmo de embarque se repetir, o volume exportado em janeiro será de 141,17 mil toneladas, um possível recorde para esse mês.

Para 2019 as perspectivas são positivas, com possibilidade de renovação de recordes, especialmente com a retomada dos embarques para a Rússia. Para mais detalhes sobre as exportações ao longo de 2018 e perspectivas para este ano basta clicar aqui.

 

  1. O destaque da semana:

Apesar de o indicador Esalq/BM&F ter apresentado grande volatilidade, os preços levantados pela Agrifatto no mercado físico registraram estabilidade na última semana, variando (pouco), conforme a facilidade da indústria em originar animais terminados.

Regiões do Mato Grosso do Sul e Goiás já não veem chuvas há mais de 40 dias, o que é atípico para o período. Precipitações são aguardadas com grande ansiedade pelos produtores até o fim da semana, mas devem apresentar volume abaixo da média.

O fenômeno deverá influenciar o ritmo de engorda a pasto ao longo desta safra, o que pode favorecer os preços finais, mas aumentar a exigência de engorda utilizando concentrados.

 

  1. E o que está no radar…

 

Nesta semana vamos acompanhar se as exportações manterão o ritmo registrado nos primeiros dias do ano, já que a demanda internacional aquecida colabora para enxugar os estoques de carne, sustentando as cotações.

Outro ponto de importância será o ritmo de comercialização, ou seja, se a liquidez continuar restrita, então os preços devem conseguir se sustentar nos próximos dias.

Caso contrário, se as indústrias exibirem maior facilidade de originação de boiadas, então as programações avançam em maior ritmo, perdendo suporte de preços.

 

Um abraço e até a próxima semana!