A consultoria AgRural reduziu a sua previsão de produção de soja do Brasil em 2018/19 para 116,9 milhões de toneladas, abaixo dos 121,4 milhões da estimativa anterior previstos em 30 de novembro. Com isso, a AgRural também passou a prever uma produção abaixo do recorde de 2017/18, de 119,3 milhões de toneladas. “A irregularidade das chuvas e o calor que marcaram o mês de dezembro em alguns Estados, com destaque para Paraná e Mato Grosso do Sul, tiraram do Brasil a chance de ter mais uma safra recorde de soja”, disse a consultoria, em nota.
A AgRural manteve a estimativa de área plantada em 35,9 milhões de hectares, mas a previsão de produtividade passou a 54,3 sacas por hectare, contra 56,4 sacas na estimativa de 30 de novembro. Conforme a consultoria, produtividade e produção podem ser reduzidas novamente caso as condições climáticas sejam desfavoráveis às lavouras nas próximas semanas. “Depois do plantio mais rápido da história e de condições iniciais que apontavam chance de mais uma safra recorde no Brasil, a falta de chuva e o aumento das temperaturas passaram a preocupar os produtores do Paraná e de Mato Grosso do Sul”, disse a consultoria.
A redução de 4,5 milhões de toneladas em relação à estimativa anterior – 2,5 milhões no Paraná, 1 milhão em Mato Grosso do Sul e 1 milhão nos demais Estados – se deve a perdas concentradas em áreas plantadas em setembro, com variedades de ciclo mais curto. Conforme a consultoria, durante o plantio e desenvolvimento vegetativo, houve excesso de umidade, o que fez com que as plantas não aprofundassem suficientemente as raízes. Já na fase de enchimento de grãos, em dezembro, houve falta de umidade.
Para o Paraná, a AgRural estimou rendimento de 52,5 sacas por hectare, o menor desde a safra 2015/16. “Todas as regiões do Estado foram atingidas pela estiagem e pelo calor, mas as maiores perdas se concentram no oeste, que planta mais cedo”, disse a consultoria. Em Mato Grosso do Sul, as perdas foram mais severas no sul, e a produtividade foi estimada em 52,7 sacas por hectare – a mais baixa desde 2015/16.
Mato Grosso também sentiu os efeitos da distribuição irregular das chuvas e das altas temperaturas de dezembro. Em alguns pontos, o excesso de chuva causou perda de potencial, conforme a consultoria, que reduziu a sua estimativa de produtividade média para o Estado para 56,6 sacas por hectare – ainda em linha, porém, com o recorde obtido na safra passada. “A expectativa de melhora da produtividade nas áreas que serão colhidas a partir de 15 de janeiro justifica a boa média esperada em Mato Grosso”, disse a AgRural.
A consultoria também ajustou a previsão de produtividade para Goiás e Rio Grande do Sul. Nos demais Estados, os números de 30 de novembro foram em sua maioria mantidos. “Merece atenção o baixo volume de chuvas previsto para as duas próximas semanas, que podem reduzir o potencial produtivo de Goiás, São Paulo, Minas Gerais e também do Matopiba”, disse a AgRural.
As colheitadeiras já estão em campo em Mato Grosso, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rondônia e pontos isolados de Minas Gerais e São Paulo, segundo a consultoria, que vai divulgar os primeiros números de colheita da safra 2018/19 de soja na sexta-feira (11). (AE)