A safra de soja 2018/19 do Paraná deve ser menor ante o inicialmente esperado, após as plantações do segundo maior Estado produtor da oleaginosa sofrerem com uma estiagem e altas temperaturas, ao passo que a colheita de milho paranaense caminha para alcançar um dos maiores volumes da história, com uma aposta na safrinha.
O Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria de Agricultura paranaense, estimou nesta quarta-feira que o Estado deverá produzir 19,1 milhões de toneladas de soja na atual temporada, cerca de 500 mil toneladas abaixo do previsto no mês anterior e inferior em quantidade semelhante frente à primeira projeção, de agosto.
Caso o volume se confirme, ficaria praticamente estável ante 2017/18, destacou o Deral.
O corte na previsão ocorre após o Estado ter sido atingido por uma seca justamente em um importante momento de desenvolvimento das plantações. Na véspera, especialistas haviam alertado, em reportagem da Reuters, sobre a redução da produtividade no Paraná. [nE6N1Y100H]
Com efeito, nos últimos dois meses as precipitações ficaram aquém do normal em todas as regiões paranaenses, com o oeste, onde há boa parcela das lavouras de soja, recebendo 60 milímetros menos chuvas que o regular para esta época, conforme dados do Agriculture Weather Dashboard, do Refinitiv Eikon.
“Claro que isso (estimativa) ainda será reavaliado, mas já é um reflexo do que a gente está sentindo e sendo informado do campo. (A seca) pegou a cultura numa fase sensível, principalmente no oeste do Paraná. Já há uma tendência de diminuição de potencial produtivo”, disse o analista Marcelo Garrido, do Deral.
Conforme o departamento, 80 por cento das plantações de soja estão em condição “boa” e 3 apresentam nível “ruim”. Há um ano, 88 por cento se encaixavam como “boas” e não havia nenhum percentual para “ruim”.
O Paraná teve um plantio de soja mais adiantado neste ano, em meio a chuvas abundantes já em setembro. A expectativa é de que a colheita também seja antecipada, ganhando ritmo já em janeiro.
MILHO
Para o milho, as expectativas até o momento são positivas, disse o Deral.
Em sua primeira estimativa para a segunda safra 2018/19 do cereal, a ser colhida em meados do próximo ano, o departamento previu uma produção de 12,66 milhões de toneladas, 38 por cento superior ante a de 2017/18 e “uma das maiores da história”, afirmou Garrido.
A área plantada com o chamado milho safrinha deve crescer 4 por cento, para 2,2 milhões de hectares.
“Esse aumento vem calcado na questão de preço, que estava em um patamar interessante… Além disso, acho que anima o produtor a janela mais correta para o plantio”, acrescentou o analista, lembrando que no ano passado uma demora na colheita de soja fez a segunda safra do milho ser semeada em um período não tão ideal, sujeito a mais adversidades climáticas.
Segundo o Deral, o rendimento do milho safrinha deve ser 33 por cento maior em 2018/19 com quase 6 toneladas por hectare.
Quanto à primeira safra, já semeada e a ser colhida no verão, o Deral elevou levemente sua previsão de produção para 3,20 milhões de toneladas, 11 por cento acima do reportado em 2017/18. (Reuters)