O Brasil está “preparado” caso a China retire tarifas sobre a soja norte-americana, disse o ministro da Agricultura brasileiro, Blairo Maggi, em referência a um eventual movimento chinês em meio a uma trégua na guerra comercial com os Estados Unidos.

“Está absolutamente preparado… A retirada do imposto lá pela China para soja americana não vai influenciar nada. O mercado vai voltar ao patamar que estava antes ou muito próximo”, disse Maggi a jornalistas nesta sexta-feira, em conferência de imprensa para fazer uma balanço de sua gestão.

Com a tarifa chinesa de 25 por cento na soja dos EUA durante o segundo semestre, o Brasil pôde embarcar volumes recordes de mais de 80 milhões de toneladas de soja este ano, principalmente para a China, maior importador global.

Segundo o ministro, se a China remover as tarifas, os preços na referência global da bolsa de Chicago e no Brasil poderiam ficar mais próximos, resultando em maior previsibilidade para o mercado de soja, o que beneficiaria os produtores brasileiros, que estão perto de iniciar a colheita de uma nova safra recorde.

Com a guerra comercial, os prêmios pagos pela soja brasileira em relação a Chicago dispararam para máximas históricas neste ano, beneficiando o setor no país.

Apesar das tarifas ainda em vigor, os chineses voltaram ao mercado dos EUA, com registro de importantes negócios com soja norte-americana nesta semana, em momento em que os estoques brasileiros estão praticamente esgotados.

O governo dos EUA confirmou mais de 1,4 milhão de toneladas de soja vendida à China.

Maggi disse ainda que a qualquer momento a China poderia permitir exportações de mais unidades brasileiras de carne suína e de frango, eventualmente antes do final do ano, após uma visita técnica chinesa que inspecionou fábricas brasileiras no mês passado.

“Esperamos que a qualquer momento algumas unidades possam ser permitidas (de exportar)… Estamos esperando que, até o final do ano, a China possa aprovar alguma coisa nessa área”, disse Maggi.

Ele afirmou que 79 plantas pediram permissão para exportar para a China, levantando a possibilidade de que o Brasil poderia dobrar o número de unidades que exportam carnes de frango e suína para a China se as permissões forem concedidas.

Maggi disse que pediu à futura ministra da Agricultura de Bolsonaro, Tereza Cristina, que mantenha a presença do Brasil em mercados estrangeiros e faça uma viagem para visitar os países árabes e a China logo após assumir sua posição. (Reuters)