As exportações de aves e de suínos devem crescer entre 2% e 3% no ano que vem, amparadas pela forte demanda chinesa e pela perspectiva de aumento dos embarques para mercados para os quais o Brasil já exporta, além da abertura de novos destinos, projetou ontem a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A China já está entre os principais mercados para as proteínas brasileiras, mas poderá ampliar ainda mais as compras no ano que vem se as previsões de demanda gerada pela epidemia se confirmarem. Ele prevê que o país asiático deverá ser o principal destino das exportações de suínos em 2019.
“A perspectiva é que a China precisará de 4 milhões a 5 milhões de toneladas de carne suína no ano que vem, e não há oferta no mundo para isso, então, será precisar complementar a demanda com as carnes de aves e de bovinos”, projeta Santin. Segundo ele, as duas maiores províncias produtoras de suínos têm casos de peste suína clássica.
O crescimento também leva em conta o “Projeto 500k” lançado ontem pela associação, que prevê a elevação da média de embarques de aves e suínos – somados – para 500 mil toneladas ao mês até 2020. A média mensal foi de 394 mil toneladas em 2018 e de 420 mil toneladas no ano anterior. “O efeito China poderá fazer a gente chegar ao 500K muito antes.”
Conforme Santin, a meta será alcançada com o aumento do volume exportado para os países para os quais o Brasil já exporta e também com a abertura de novos mercados.
“Vamos olhar mercado por mercado. Por exemplo, o Paquistão foi aberto há seis anos e somente em 2018 teve um volume expressivo embarcado. Temos espaço para ir buscar essas demandas e ampliar um pouco mais”, disse.
Para ele, será um ano de recuperação. “Vamos ter uma melhor rentabilização dos produtos. Tenho sinalização de custo de produção menor, com uma maior oferta de milho e oferta e demanda balanceadas para o ano inteiro, com uma disputa maior pelo produto entre o mercado interno e externo”, estimou, citando como exemplo a perspectiva de um aumento do número de plantas habilitadas para exportar carne suína para a Rússia e a expectativa de que a China habilite mais plantas de aves.
BalançoA projeção de crescimento ocorre depois de um ano difícil para o setor, marcado pelo fechamento de importantes mercados. O resultado foi a queda das exportações, que devem fechar em 4,1 milhões de toneladas no caso da carne de frango, recuo de 5,1% ante 2017, puxado pelo embargo europeu e pelas mudanças exigidas pela Arábia Saudita nas regras do abate halal, que fez com que o Brasil deixasse de embarcar 100 mil toneladas para este mercado. A receita deve fechar o ano em US$ 6,5 bilhões, queda de 9,7%.
No caso da carne suína, a retração neste ano deve chegar a 8,3%, para 640 mil toneladas, em razão do fechamento do mercado russo, que se estendeu de dezembro de 2017 a novembro deste ano, quando o país reabriu para o Brasil com a habilitação de quatro plantas de carne suína. O país era o principal mercado da proteína brasileira, com 40% do volume exportado. A receita deve encerrar o ano em US$ 1,2 bilhão, recuo de 25%.
De acordo com o presidente da ABPA, Francisco Turra, a produção também deve fechar o ano em queda. A de carne de frango deve cair 1,7% neste ano, para 12,8 milhões de toneladas, enquanto a de suínos deve recuar 3,2%, para 3,6 milhões de toneladas.
“Nem tenho condições de explicar o quanto foi duro este ano”, disse o ex-ministro da Agricultura. A greve dos caminhoneiros, o aumento de custo de produção e a burocracia foram apontadas pelos diretores como dificuldades enfrentadas pelo setor ao longo do ano.
No ano que vem, a produção deve crescer 1,4% para carne de frango e entre 2% a 3% para suínos, de acordo com estimativa da ABPA. Fonte: DCI