O presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou nesta quinta-feira à noite que o professor colombiano Ricardo Velez Rodriguez será o futuro ministro da Educação. “Gostaria de comunicar a todos a indicação de Ricardo Velez Rodriguez, filósofo autor de mais de 30 obras, atualmente professor emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército, para o cargo de ministro da Educação”, escreveu Bolsonaro no Twitter.

O nome do professor aparece depois que a bancada evangélica vetou, na véspera, o educador Mozart Neves, diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, para o cargo. De perfil técnico, Mozart chegou a ser convidado por Bolsonaro, mas a escolha provocou um atrito com integrantes da Frente Parlamentar Evangélica – que faz parte da base de apoio do presidente eleito no Congresso. Para eles, Mozart não tinha “afinidade ideológica” com o novo governo. Pessoas próximas do educador diseram que ele não aprovava projetos como o Escola sem Partido.

A escolha inicial do nome de Mozart se deu depois da aproximação de Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna, com o grupo de Bolsonaro. Antes mesmo da vitória do então candidato do PSL, ela se encontrou com ele e levou Mozart junto. Viviane foi apresentada a Bolsonaro pela deputada federal eleita Joice Hasselmann (PSL). Depois disso, Bolsonaro telefonou para Viviane e pediu que ela o ajudasse com propostas para a educação.

Blog. Rodriguez mantém um blog chamado Pensador de La Mancha, em referência a Dom Quixote (obra do escritor espanhol Miguel de Cervantes), que minutos depois do Twitter de Bolsonaro já mencionava que havia aceito o cargo. No seu texto, ele diz que será o ministro da Educação para “tornar realidade, no terreno do MEC, a proposta de governo externada pelo candidato Jair Bolsonaro, de ‘Mais Brasil e Menos Brasília’”. Escreveu ainda que Bolsonaro venceu porque representou a insatisfação dos eleitores contra governos petistas.

Sobre educação, Velez deixa clara sua afinidade com projetos como o Escola sem Partido. Diz em seu blog que os brasileiros estão “reféns de um sistema de ensino alheio às suas vidas e afinado com a tentativa de impor, à sociedade, uma doutrinação de índole cientificista e enquistada na ideologia marxista, travestida de revolução cultural gramsciana, com toda a corte de invenções deletérias em matéria pedagógica como a educação de gênero”.

Para ele, essa educação atual estaria “destinada a desmontar os valores tradicionais da nossa sociedade, no que tange à preservação da vida, da família, da religião, da cidadania, em suma, do patriotismo”.

Schelb. À tarde, antes do anúncio do novo ministro, Bolsonaro se reuniu por três horas com o procurador regional do Distrito Federal, Guilherme Schelb – até então, outro cotado para ocupar o cargo. Ao deixar o encontro, Schelb disse que também tinha apoio “muito significativo” da bancada evangélica e reafirmou ser a favor do movimento Escola Sem Partido.

Ele chegou a acusar professores de usarem ideologia de gênero como “pretexto” para cometer crimes e disse que todos os “doutrinadores” são de esquerda. Ele avaliou que professores fazem o que “bem entendem” atualmente no País e acrescentou que a sala de aula “também é território brasileiro”. “Estamos vendo situação de anomia em determinados âmbitos em que professor escolhe qual lei quer respeitar ou não.”

Schelb disse ter apresentado as propostas que considera emergenciais para o País: restabelecer respeito às leis da infância, garantir segurança jurídica de professores e valorização da família. (AE)