Por Gustavo Machado – Eng. Agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto

 

Resumo da semana:

Na semana passada, o último fechamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) subiu 1,45%, elevando a referência paulista para R$ 146,70/@, o maior valor desde o início de novembro – níveis que têm sido predomínio das negociações no estado.

No interior do país, apesar de recuo generalizado das programações de abate, as referências de preços ainda resistiram a reajustes positivos, e andaram praticamente de lado.

Entretanto, a maior dificuldade de originação deve causar revisões para cima no curto prazo, especialmente pela aproximação de dezembro (quando a indústria se prepara para ampliação do consumo doméstico).

A expectativa de equilíbrio de preços em patamares maiores já é registrada em bolsa, com os contratos futuros subindo ao redor de 0,50% na terceira semana de novembro. Destaca-se alta relevante para o contrato de jan/19, precificado ao redor de R$ 150,00/@.

No atacado o boi casado segue com valorizações, subindo 1,50% na última semana – e mantém o spread carne com osso/arroba nos maiores patamares do 2º semestre. Além disso, o avanço mais intenso do valor do frango resfriado colabora a competividade da proteína bovina.

 

  1. Na tela da B3

Na última semana, os preços futuros na B3 (antiga BM&F) terminaram a 3ª semana de novembro em patamares mais altos.

Em alguma medida, a apreciação dos contratos em bolsa resultou de movimentos técnicos, mas também por uma tentativa de precificar uma relação mais ajustada entre a oferta e a demanda.

Já que a projeção é de gradual restrição da oferta, combinada com exportações aquecidas e possível ampliação do consumo doméstico no fim de ano.

E assim, os vencimentos para dez/18 e mai/19 avançaram com mesmo ritmo, alta de 0,54% na semana e fechamento em R$ 149,00 e R$ 149,80/@ – respectivamente.

Mas o destaque fica para o vencimento de jan/19 – que preservou o patamar de R$ 150,00/@ ao longo da semana, com ágio em torno de R$ 3,00/@ frente a atual referência do físico em SP (apesar de janeiro geralmente exibir encolhimento do consumo).

O fato é que os ganhos recentes na B3 abrem oportunidades de garantir arroba em alta no início de 2019. O que pode ser feito via compra de contratos futuros ou pela aquisição de seguro de preços (PUT’s – via pagamento de um prêmio).

 

  1. Enquanto isso, no atacado…

 

As proteínas no atacado seguiram se fortalecendo, completando a terceira semana de alta, com o boi casado em SP subindo 1,50% na última semana, elevando a média paulista para R$ 10,10/kg – maior patamar em 35 dias.

Vale destacar o avanço em maior intensidade do frango resfriado – subindo 4,16% no período e com parcial em R$ 4,30/kg. Preservando a melhor competitividade da proteína bovina.

E ainda, o fortalecimento da carcaça casada bovina combinada com os recentes ajustes da arroba, mantém o spread carne com osso/arroba nos maiores patamares do 2º semestre.

Na parcial de novembro, a diferença entre o equivalente físico e a arroba fica em 2,30% – a segunda melhor relação de 2018 – atrás apenas do registrado em junho, quando a paralisação dos caminhoneiros alterou a dinâmica do mercado em um período de concentração de oferta de animais terminados a pasto.

 

  1. No mercado externo

Até a terceira semana de novembro, o país embarcou 67,54 mil toneladas de carne bovina in natura.

O volume parcial para este mês representa avanço de 9,30% em relação ao mês anterior e alta de 17% frente ao mesmo período do ano passado.

E caso o ritmo diários dos embarques se preserve até o final de novembro, a projeção é que um volume próximo a 135 mil toneladas seja exportada. O que representaria no acumulado dos 11 primeiros meses do ano, avanço de 12,25% em relação ao mesmo período de 2017.

Além disso, se a projeção para novembro se confirmar, os embarques preservariam a proporção alcançada no segundo semestre, quando todos os meses fecharam acima de 130 mil toneladas.

 

  1. O destaque da semana:

O destaque nesta semana fica para o encurtamento generalizado das escalas de abates.

As programações menores foi consequência dos feriados neste mês, colaborando para reduzir o volume de negociações, mas também pela dificuldade das indústrias na originação de animais terminados.

Neste sentido, destaca-se o recuo de 17% para as programações no MS e redução de 8% em Rondônia. De modo geral, as escalas de abates nos dois estados atendem até o início da próxima semana.

Ou seja, a disputa pela matéria-prima combinado com a chegada de dezembro, podem elevar as propostas já no curto prazo.

 

  1. E o que está no radar…

No radar estão preços mais fortalecidos nos próximos dias. Após lateralidade das cotações nas últimas semanas, o principal fator altista fica com a disputa pela matéria-prima, o que pode forçar as indústrias a subirem suas propostas.

Especialmente para atender uma demanda que pode se fortalecer pelas festas de fim de ano e recebimento do 13º salário – ampliando o poder de compra da população.

Este cenário já é precificado em bolsa, que projeta apreciação da arroba de R$ 2,30/@ até o final de dezembro.

 

Um abraço e até a próxima semana!