Por Gustavo Machado – Eng. Agrônomo e consultor de mercado pela Agrifatto

 

Resumo da semana:

O início de novembro sustentou o mercado pecuário, e a expectativa de consumo fortalecido limitou as quedas que se registravam com a chegada dos animais de confinamento.

Vale destacar que ao longo de outubro o indicador do CEPEA recuou 4,50%, já que passou de R$ 152,00 no início do mês para fechamento em R$ 145,50/@.

Acredito que as cotações deverão se manter mais equilibradas no curto prazo, com alinhamento entre a oferta mais restrita e o consumo doméstico ainda fragilizado. E seguindo o que se registrou ao longo do ano, as programações de abates devem recuar, mas o reflexo aos preços deve acontecer de maneira mais comedida.

Já na segunda metade de novembro, a originação pela indústria deve ficar mais desafiadora, especialmente com posição defensiva dos pecuaristas pelo suporte das pastagens, pressionando para cima as cotações.

E ainda, no atacado as cotações se acomodaram 1,46% na semana, com a parcial em R$ 9,80/kg retornando aos níveis de quase 2 meses atrás.

As exportações seguiram aquecidas, e fecharam com o 3º maior volume mensal de 2018 – Foram enviadas 135 mil toneladas de carne bovina in natura.

Por fim, algumas oportunidades de hedge se preservam, especialmente após o recuo registrado para o milho e o fortalecimento do boi gordo.

 

  1. Na tela da B3

Na metade de setembro, a combinação entre exportações em alta e escassez de oferta, valorizou os contratos para R$ 153,00/@. Mas desde então, toda a curva futura se acomodou. Além de movimentação técnica, a oferta dos animais de confinamento colaborou para pressionar para baixo as cotações.

Já nesta semana, o mercado futuro tentou uma reação, especialmente nos contratos mais longos. O vencimento em janeiro registou a alta mais expressiva, subindo 1,45% em 7 dias (equivalente a R$ 2,15/@).

Enquanto que o vencimento em novembro fechou a semana praticamente estável em R$ 147,10/@ – queda semanal de 0,20 p.p.

Os contratos mais longos têm liquidez menor, e devem passar por novos ajustes. Entretanto, o viés altista já oferece oportunidades de fixação de preços para os próximos meses, ao redor de R$ 2,00/@ acima do praticado no físico atualmente.

Por fim, com o fortalecimento dos contratos e aproximação dos vencimentos, as opções têm prêmio menor.

Porém, dada a perspectiva de mercado sustentado nos próximos meses, uma estratégia recomendada seria a compra de seguro de preços para janeiro, quando o consumo doméstico tende a recuar. O valor em R$ 146,00/@ indica prêmios convidativos.

 

  1. Enquanto isso no atacado..

O excelente desempenho das exportações em setembro colaborou para enxugar a disponibilidade de carne no mercado doméstico, com a menor oferta sustentando os preços do atacado.

Deste modo, mesmo com o consumo sazonalmente menor na segunda metade do mês, o preço do boi casado conseguiu manter os níveis alcançados ao redor de R$ 10,00/kg.

Entretanto, ajustes aconteceram na última semana de outubro, com o recuo de 1,50% voltando o valor do boi casado para o patamar de quase 2 meses atrás, em torno de R$ 9,80/kg.

Enquanto isso, as cotações das proteínas concorrentes também se acomodaram, mas a queda em intensidade menor melhora a competividade da carne bovina.

Este movimento de avanço da competividade já era observado com o final da paralisação dos caminhoneiros. Com os preços subindo tantos pelos ajustes de produção que a greve causou, como pelo aquecimento do consumo.

 

  1. No mercado externo

Como já era esperado, as exportações em outubro perderam parte da intensidade de embarque do mês anterior, já que set/18 enviou volume mensal recorde – com 150,66 mil toneladas.

E apesar do recuo mensal de 22,00%, os embarques seguem aquecidos, com outubro somando 135,95 mil toneladas. Alta de 9,40 p.p. em 12 meses e o 3º melhor desempenho de 2018.

Nesta semana também foi anunciada a reabertura do mercado Russo, quase um ano após o embargo. Vale destacar que a Rússia importou quase 10% de toda a carne brasileira enviada para o exterior, somando 15 mil toneladas e faturamento de US$ 487 milhões.

E ainda, os embarques podem desacelerar nos últimos meses do ano – se seguirem a sazonalidade histórica. Entretanto, continuarão desempenhando papel importante de suporte para as cotações domésticas.

 

 

  1. O destaque da semana:

 

 

Já comentamos sobre o desempenho das exportações, do retorno da Rússia e do avanço da competição da carne bovina no atacado. Todos pontos importantes para o suporte às cotações.

Mas o destaque da semana fica para os diferenciais de base se ampliando nas últimas semanas, com destaque para MG – que no início de out/18 estava com preços similares a referência paulista.

E após distanciamento nas últimas 3 semanas, o DB mineiro se aproxima da média dos últimos 5 anos e fica mais distante que no mesmo período de 2017.

A mesma tendência de cotações mais distantes ante a referência paulista também é observada em GO. Já o MS e RO parecem indicar cotações mais sustentadas, e podem abrir janela de negociação nas próximas semanas.

 

 

  1. E o que está no radar…

 

Na próxima semana, a referência do CEPEA pode exibir reajustes positivos, mas as programações de abates que se estendem até meados de novembro devem impedir viés altista mais consistente.

Já os diferenciais de base, especialmente nos estados onde o confinamento é menos expressivo, deverão continuar se estreitando – com as cotações se aproximando de SP e colocando no radar oportunidades de venda.

No atacado é esperado manutenção das cotações nos atuais patamares, o que preserva o spread carne com osso/arroba em patamares positivos.

Por fim, o mercado mais sustentado deve continuar favorecendo movimento para cima dos preços em bolsa, mantendo aberta oportunidade de fixação de preços via contratos futuros.

 

Um abraço, e até a próxima semana!