Marco Guimarães é estagiário pela Agrifatto
A atividade econômica no Brasil apresenta grande dificuldade de recuperação. O último indicador de desempenho divulgado pelo IBGE mostra que as vendas do varejo avançaram 1,3% em agosto deste ano. A variação positiva foi a maior dos últimos quatro anos, possivelmente impulsionada pelo período eleitoral.
Além disso, observa-se avanço das cotações no varejo, no atacado e sobre o valor pago ao produtor. Ou seja, a elevação dos custos pelo período de entressafra foi repassada aos elos seguintes da cadeia.
Vale destacar que entre maio e julho, final da safra pecuária, os preços seguem tendências historicamente distintas para o varejo e atacado. Entretanto, pelo maior número de animais terminados, a cotação da arroba recua nesse período.
De acordo com a média dos últimos 5 anos, os preços ao longo da cadeia da carne costumam se valorizar entre outubro e janeiro, o que representa um bom indicador para a remuneração ao pecuarista nos próximos meses.
Mais especificamente, o preço do varejo avança 1,9% em novembro e 1,1% em dezembro. Para o atacado, no mesmo período, os preços sobem 1,5% e 2,7%, respectivamente. Já os preços da arroba se apreciam, em média, 1,3% em dezembro e 1,1% em janeiro.
Entre janeiro e setembro de 2018, o preço médio da carne bovina no varejo subiu 2,60%, quando alcançou R$ 25,05/kg (IEA). A carne no atacado reagiu para R$ 10,11/kg, variando apenas 0,1% no período. Já o preço ao produtor, ou seja, o valor da arroba do boi gordo, subiu 2,10%, e setembro registrou cotação média R$ 149,68/@.
Neste ano, as cotações da arroba não seguiram a sazonalidade histórica e, ao invés de avançarem em outubro, recuaram 4,51%. No atacado, o preço da carcaça casada bovina recuou 2,9%.
O indicador Esalq/BM&F para o boi gordo encerrou outubro cotado em R$ 145,15/@. Nessa perspectiva, é possível projetar cenários de acordo com as variações históricas: maiores, menores e a média das variações entre novembro, dezembro janeiro. Os valores de contratos futuros da B3, com os respectivos meses de vencimento, também foram projetados.
A paralisação dos caminhoneiros e encarecimento da dieta fizeram com que o primeiro giro do confinamento levasse um menor número de animais para o cocho. Com uma oferta restrita de animais terminados e o bom ritmo das exportações, os preços avançaram 2,6% em setembro, fechando o mês a R$ 151,80/@.
O segundo giro do confinamento, motivado por uma melhora da relação de troca do boi gordo por milho e as péssimas condições das pastagens nas principais praças pecuárias, ampliou os volumes de bovinos confinados em segunda etapa.
Com a indústria originando animais com maior facilidade, permitindo alongamento das programações de abate, os preços recuaram em outubro. Entretanto, na última semana do mês passado, as cotações ganharam firmeza no mercado físico e futuro.
O contrato futuro com vencimento em novembro, que chegou a ser negociado a R$ 145,85/@ dia 16/out, encerrou outubro a R$ 147,70@. Já o vencimento dezembro, que foi negociado em R$ 147,40/@ dia 22/out, fechou o último mês a R$ 149,70/@.
O preço da arroba dependerá principalmente da oferta de animais terminados, posto que o consumo interno tem uma recuperação lenta e as exportações devem reduzir de volume nos dois últimos meses deste ano.