A indústria de defensivos agrícolas acredita na aprovação do projeto de lei que regula seus produtos ainda no primeiro semestre de 2019. A nova formação do Congresso não deverá ser um problema, segundo ela. É que mesmo com mais da metade dos atuais parlamentares que integram a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) não reeleita, importantes defensores do texto, como o relator Luiz Nishimori (PR-PR) e a presidente da FPA, Tereza Cristina (DEM-MS), garantiram vaga no Parlamento. A vantagem nas pesquisas eleitorais do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) também alimenta o otimismo. “Se entrar no Ministério da Agricultura alguém comprometido com o setor, as chances de aprovação são boas”, diz Mário Von Zuben, diretor executivo da Andef, associação que reúne as maiores empresas do ramo. Por garantia, a entidade vai reforçar o “trabalho educativo” junto aos recém-eleitos, por meio da própria FPA. O PL propõe mudanças na análise de novos pesticidas que, segundo a Andef, reduziriam o prazo de registro para dois anos – hoje chega a oito – e permitiria o acesso do agricultor a produtos mais eficientes.
Ponderação
Questionado sobre a hipótese de fundir os Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, aventada pela equipe de Bolsonaro, Von Zuben é cauteloso. “A partir dessa ideia, se assume que tudo referente ao meio ambiente diz respeito à agricultura. Mas infraestrutura urbana não tem a ver com o agronegócio e envolve questões ambientais.”
Retorno
Após obter receita de US$ 8,89 bilhões com a venda de defensivos agrícolas no Brasil em 2017 (queda de 7% ante 2016), a indústria deve ter faturamento levemente maior neste ano, diz Von Zuben. Além dos estoques mais enxutos junto a distribuidores de insumos, a safra volumosa colhida no País e os bons preços pagos pelos grãos estimularam investimentos. “Devemos ver um começo de recuperação dos negócios”, projeta.
Silêncio
Diversas entidades que representam setores do agronegócio evitam falar sobre possíveis interlocuções com membros da equipe de Jair Bolsonaro. Uma dessas lideranças diz à coluna que a estratégia é se aproximar da equipe de transição somente após o resultado final das eleições e colocar os pleitos “em cima da mesa” por intermédio da FPA.
Surpresa
Renato Rasmussen, diretor da área de Inteligência de Mercado da consultoria INTL FCStone, tem se surpreendido com a grande demanda de agricultores e companhias agropecuárias brasileiras por análises visando à compra de terras. “No quadro atual de mudanças políticas e de câmbio (volátil), era de se esperar estagnação dos investimentos. Mas não é o que estamos vendo”, diz ele. O número de consultas supera em 30% o apurado em igual época do ano passado, conta. Rasmussen nota o interesse das empresas em adquirir áreas próximas a novos polos logísticos, como no Norte e Nordeste do País.
Menos é mais
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentará documento com 20 temas para desburocratizar o setor em um evento realizado conjuntamente com o Tribunal de Contas da União (TCU) no dia 30, em Brasília. O documento cita normas que atrasam o desenvolvimento da agropecuária brasileira e proporá soluções. A CNA pedirá, por exemplo, a unificação de bases e obrigações acessórias relacionadas a pelo menos 15 tributos que incidem sobre o setor: quatro sobre consumo (ICMS, ISSQN, PIS/Cofins e IPI), três sobre a renda (IRPJ, IRPF e CSLL), quatro sobre propriedades (IPTU, ITR, IPVA e ITBI), três previdenciários (INSS, Funrural e FGTS) e um financeiro (IOF).
Chegou
Uma missão do México deve começar a vistoriar plantas frigoríficas de Santa Catarina na segunda-feira (22). O objetivo é abrir seu mercado para a carne suína do Estado, informou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Segundo Francisco Turra, presidente da entidade, “trata-se de uma negociação promissora, pois os mexicanos representam o terceiro maior mercado importador da proteína no mundo”.
Próxima parada
Lideranças da ABPA participam na próxima semana do Salon International de l’Alimentation (Sial), em Paris, na França. A expectativa da associação é superar US$ 300 milhões em negócios nos quatro dias da feira. O evento, que reúne importadores da Europa, Ásia e Oriente Médio, começa no domingo (21) e vai até o dia 25 de outubro.
Meio cheio meio vazio
Representantes do Brasil que acompanharam nesta semana o Juice Summit, reunião anual da cadeia de suco de frutas, em Antuérpia, na Bélgica, ouviram opiniões diversas sobre o setor. Enquanto analistas apontaram tendência de queda no mercado de suco, as companhias traçaram cenário bem otimista.
Imagem é tudo
Mas há trabalho a fazer. Thomas Hinderer, CEO da Eckes, grande compradora de suco de laranja do Brasil, reforçou que os dados apresentados na campanha de fomento ao consumo na União Europeia, iniciada em 2015, mostram o caminho para virar o jogo da demanda. Na mesma linha, Douglas Lamont, CEO da Innocent, empresa que mais cresce na Europa, citou o fortalecimento de marcas e o desenvolvimento de novas embalagens para ampliar o consumo e agregar valor ao produto. (AE)