A melhora no orçamento familiar demorará, no mínimo, seis meses para ser sentida. Com 73% dos brasileiros tendo cortado despesas, a expectativa é de que a volta do consumo e dos antigos hábitos financeiros seja lenta e adiada só para julho de 2019.
“O cenário econômico nos últimos anos deixou o trabalhador mais apreensivo ao gastar dinheiro. Se antes 38% dos trabalhadores costumavam ir toda semana ao mercado, hoje o número caiu para 8%, por exemplo. É uma tentativa de evitarem as famosas compras por impulso”, afirma o diretor de marketing e produtos da Alelo, André Turquetto.
“O orçamento familiar continua apertado, nem tanto por conta de endividamento, mas porque a renda diminuiu ante os altos índices de desemprego do País”, explica o economista da Boa Vista Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC Boa Vista), Flávio Calife.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 12,1 milhões estavam desocupados no trimestre encerrado em agosto.
Para Flavio Borges superintendente de finanças do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), no entanto, mesmo que o resultado eleitoral traga maior confiança de empresários e consumidores, a recuperação da renda ainda “demora alguns trimestres”.
“Primeiro é necessário que os empresários tomem a decisão de empregar novamente, para só então ativar o consumo e impulsionar a receita das companhias. Isso não deve ser refletido no orçamento familiar por, no mínimo, seis meses”, avalia o especialista.
Mesmo que a recuperação da renda seja impulsionada, no entanto, a volta dos antigos hábitos de consumo deve ser adiada até que haja maior certeza quanto ao ambiente macroeconômico brasileiro.
“A estabilidade de ter um novo governo deve influenciar, mas a melhora vem devagar, principalmente por causa do trauma da crise”, diz Calife.
“Até porque não depende apenas do resultado da eleição, mas do que vai ser feito nos meses que se seguem”, complementa Borges.
MetodologiaA pesquisa contou com 2.810 pessoas das classes A, B e C, sendo 45% homens e 55% mulheres, entre 18 e 65 anos. Entre os entrevistados, 77% estão empregados, 18% desempregados e 5% são estudantes. (DCI)