Marco Guimarães é estagiário pela Agrifatto

Gustavo Machado é consultor de mercado pela Agrifatto

 

Os contratos futuros da B3 atingiram seu maior valor no dia 13/set, quando o vencimento para outubro alcançou R$ 153,40/@. Mas sem novos fatores altistas, especialmente pela dificuldade de o consumo doméstico ganhar tração, os valores têm buscado por patamares cada vez menores.

Observe pelo gráfico 1 como as cotações futuras estão em tendência negativa desde início de setembro, devolvendo os ganhos anteriores.

Já o mercado físico encontra suporte mais forte pela restrição da oferta, mantendo a referência paulista em torno de R$ 152,00/@ – à vista e livre de Funrural.

Porém, o retorno das chuvas e a chegada dos animais de 2º giro podem retirar a pressão altista das últimas semanas, sugerindo que este momento deve ser aproveitado para fixação de preços.

Especialmente quando comparamos a variação histórica dos últimos 5 anos com o indicado pela B3 para outubro, novembro e dezembro. Percebe-se, que o mercado futuro precifica a arroba abaixo da média histórica.

Historicamente entre setembro e outubro, os preços avançam 1,88% no período. Já a B3 projeta queda de 0,52%.

Entre outubro e novembro, os últimos 5 anos mostram alta de 1,26%. Enquanto a bolsa aponta para fortalecimento mais tímido, de 0,07%.

E ainda, entre novembro e dezembro, o passado mostra que na média, o preço do boi terminado subiu 1,09%. E os contatos futuros sinalizam alta de 0,47%.

Veja pelo gráfico 2 a projeção de preços para os meses restantes de 2018. Em azul a projeção da Agrifatto se as cotações respeitassem o movimento médio dos últimos 5 anos. Em laranja a estimativa da bolsa.

Ou seja, é o mercado seguindo o caminho observado desde o início do ano. Dificuldade dos preços pecuários em manter-se firmes, associado a relação confortável nesta temporada entre a oferta e demanda.

Já que o atual período do ciclo pecuário é de abate de fêmeas, isso significa que ele amplia a disponibilidade de animais para o abate, e com a demanda interna fraca, há pressão para baixo sobre os preços.

Os valores futuros (indicados em laranja no gráfico), podem se valorizar. Especialmente os contratos mais longos, que imprimem maior risco e têm neste momento, menor liquidez.

Por outro lado, as cotações de balcão também devem perder fôlego dada a entrada de animais do 2º giro de confinamento.

Trocando em miúdos, as cotações do físico e do futuro devem se convergir, mas o teto de preços em R$ 153,00/@ começa a ficar cada vez mais distante.

Além disso, os diferenciais de base também podem registrar algum alívio nas próximas semanas.

Portanto, é neste cenário baixista que a proteção via mercado de opções (compra de PUT’s) se mostra como excelente alternativa para garantir preços mínimos.

Já que a oferta restrita de bovinos terminados, que tanto contribuiu para preços mais altos nesta entressafra, pode começar a se alterar nas próximas semanas.

E assim, as exportações e o consumo doméstico serão os principais condutores de preços neste último trimestre.

Para a exportações, a perspectiva segue para continuidade do desempenho positivo, e com um novo fator no radar. A China, principal destino, enfrenta problemas com peste suína africana (PSA) na produção de sua principal fonte de proteína animal, a carne suína.

Houve abate de animais e há desconfiança da população em relação a segurança e qualidade da carne de porco, o que pode aumentar o consumo de outras proteínas, como a bovina.

Porém, as exportações têm menor peso na precificação ante o consumo doméstico. Ou seja, está no radar ajustes negativos para as referências do boi gordo nas próximas semanas.

Uma reversão desta tendência fica pelo desempenho do consumo nos últimos meses do ano.