Plantio exige atenção e planejamento, pois áreas da região podem passar até 25 dias sem chuva

Comparando com o ano passado, a chuva de fato voltou antes neste ano para o Centro-Oeste do Brasil. Mesmo antes do início da primavera, na primeira quinzena de setembro, os estados da parte central do país já sentiram as primeiras pancadas. Essa chuva chegou a ficar até acima da média em algumas áreas, como é o caso de Juara, noroeste de Mato Grosso, e Dourados, metade sul de Mato Grosso do Sul.

O problema é que, embora essa chuva encoraje muitos produtores a plantar, outubro merece atenção, segundo os meteorologistas. “Vamos ter falhas de até 25 dias sem chuva. E isso pode impactar diretamente no desenvolvimento da soja”, diz Desirée Brandt, da Somar Meteorologia.

Como estamos caminhando para a formação de um El Niño Modoki, em vez do clássico, a distribuição das chuvas é um pouco diferente. Um El Nino clássico tem toda a porção do oceano Pacífico equatorial aquecida. Já o Modoki tem só a parte central com anomalia das águas.

Os efeitos também são diferentes. Um fenômeno El Niño clássico traz chuva forte, persistente e acima da média à região Sul e parte de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Já em um fenômeno Modoki, a chuva fica mais ao sul, entre o Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina.

Portanto, até Mato Grosso do Sul vai ter falhas na chuva. “Só a parte sul e oeste do estado poderá ter volumes acima da média nesta primavera”, Brandt.

Segundo ela, mesmo com volumes acima da média, a distribuição será irregular, com meses mais chuvosos alternados com meses mais secos. Em Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso, o acumulado de chuva não será suficiente para alcançar a média histórica. A chuva irregular trará calor excessivo entre outubro e novembro.

A temperatura da estação ficará mais elevada que o normal nos três estados da região. Apesar da previsão das simulações indicar chuva acima da média para Mato Grosso do Sul em outubro, a precipitação não será regular.

O mesmo vale para Goiás e Mato Grosso, onde se trabalha com a hipótese de acumulado abaixo da média. A melhor precipitação é esperada para um curto período de tempo dentro da primeira quinzena do mês no primeiro estado.

Em Mato Grosso e Goiás, a chuva até intensifica na segunda metade de outubro, mas não há garantia de boa distribuição espacial. O calor será persistente e intenso em Goiás e Mato Grosso. Já em Mato Grosso do Sul, há previsão de queda na temperatura ao longo nos primeiros dias de outubro.

Em novembro, novamente há previsão de chuva acima da média em Mato Grosso do Sul e abaixo da média em Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal, apesar do acumulado bem mais elevado em todos os estados quando comparamos com outubro.

Em Mato Grosso do Sul, a chuva será mais intensa na primeira quinzena, enquanto que, em Goiás e Mato Grosso, a precipitação virá na segunda metade do mês. A temperatura permanecerá mais elevada que o normal, embora com desvios mais modestos que em outubro.

O mesmo padrão de distribuição de chuva é esperado para dezembro com chuva acima da média em Mato Grosso do Sul e abaixo da média em Mato Grosso e Goiás. A temperatura, no entanto, será mais elevada que o normal somente no leste de Goiás e Distrito Federal. (Canal Rural)