O valor da produção agrícola brasileira alcançou R$ 319,6 bilhões em 2017, queda de 0,6% na comparação com 2016, o primeiro recuo em sete anos. Os resultados fazem parte da pesquisa Produção Agrícola Municipal (PAM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quinta-feira (13).

Segundo o analista da Datagro, Flávio Roberto de França Junior, apesar da safra recorde, o ano passado foi marcado por preços médios menores em soja, milho, arroz, trigo, feijão e café. No caso das commodities de exportação, as quais soja e milho são as mais relevantes, houve um impacto do aumento dos estoques globais, enquanto os produtos vendidos internamente como arroz e feijão sofreram com a crise econômica. “No Brasil, os preços em 2016 foram altos e, motivados por esse resultado, os produtores aumentaram a área cultivada. Porém, a demanda não correspondeu devido ao momento de recessão e aumento do desemprego”, esclarece o especialista.

A soja e o milho se destacaram na safra de 2017. A oleaginosa teve uma expansão de 18,9%, para 114,6 milhões de toneladas, com valor de R$ 112,2 bilhões, cifra 6,8% acima de 2016. Já a produção do cereal cresceu 52,3%, para 97,7 milhões de toneladas. “Em virtude da queda da produção de milho em 2016, os preços ficaram bastante elevados, influenciando a decisão do produtor, que aumentou a área do milho em 10,4%”, aponta a PAM. Como consequência, o valor da produção do milho registrou uma retração de 12,7% em 2017, para R$ 32,9 bilhões.

O Sudeste concentrou R$ 91,0 bilhões, ou seja, 28,5% do valor total da produção agrícola nacional, com colheita, principalmente, de produtos como cana-de-açúcar, café arábica, soja, laranja e milho.

Tendência

Em 2018, França Junior vê uma melhora nos preços da soja e do milho, mas acredita que o cenário para arroz, feijão e café deve se manter na mesma tendência de queda registrada no ano passado. “O mercado interno mantém a dinâmica de preços mais baixos”, avalia.