SÃO PAULO (Reuters) – O dólar tinha uma queda firme contra o real nas negociações desta quinta-feira, aliviando parte das pressões recentes após a decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na véspera, de manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, encerrando um ciclo de sete cortes de juros consecutivos.
Às 9h42, o dólar à vista caía 0,58%, a 5,4094 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento recuava 0,20%, a 5,4110 reais na venda.
Nesta manhã, os investidores nacionais começavam a repercutir a decisão dos membros do BC na quarta-feira, de manter o patamar atual da taxa de básica de juros, o que já era amplamente esperado pelo mercado.
A escolha pelo fim do ciclo de afrouxamento monetário veio na esteira do que a autarquia classificou como “cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas”.
O foco central da decisão, no entanto, estava no placar. A unanimidade demonstrada pelas autoridades afastou temores de que a divisão da reunião anterior, entre diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os remanescentes da gestão de Jair Bolsonaro, pudesse se repetir.
A incerteza sobre o placar ainda havia sido fomentada durante a semana depois que Lula atacou a atuação de Campos Neto no cargo, dizendo que o chefe do BC trabalha para “prejudicar” o país, e antecipou suas críticas à possibilidade de o Copom manter os juros inalterados.
A percepção é de que a união dos diretores em torno da manutenção da Selic reforça o compromisso da autoridade monetária com a meta de inflação, o que vinha sendo enfatizado pelos membros do BC em aparições públicas recentes.
“Amanhecemos nesse pós-Copom com certo alívio no mercado, dado que a decisão veio exatamente em linha com o esperado”, disse Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.
“A volatilidade trazida pela última decisão foi tratada com cautela e o comunicado trouxe um parecer técnico, indicando que a equipe pretende ter mais cautela com a redução de juros, mesmo sobre críticas do Executivo”, acrescentou.
O alívio no dólar ainda podia ser visto pela ótica de que uma Selic mais alta no Brasil torna o real mais atraente para uso em estratégias de “carry trade”, em que investidores tomam empréstimos em países de taxas baixas e aplicam esse dinheiro em mercados mais rentáveis, de forma a lucrar com o diferencial de juros.
Assim, a divisa norte-americana devolvia alguns do ganhos acumulados em sessões recentes, quando as dúvidas do mercado em relação ao compromisso do governo com o ajuste fiscal se sobrepôs ao apetite por risco no exterior.
Na véspera, o dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,4407 reais na venda, em leve alta de 0,13%, atingindo a maior cotação de fechamento desde 4 de janeiro de 2023.
O desempenho do dólar no Brasil está na contramão de seus resultados no exterior. O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,26%, a 105,480.
A moeda norte-americana ainda subia frente a divisas de países emergentes, com destaque para a alta de 0,83% ante o rand sul-africano.
(Notícias Agrícolas)