Mato Grosso do Sul é o 3º maior produtor nacional de milho e teve um crescimento de 1.408% nas últimas 32 safras, graças ao desenvolvimento de tecnologias que permitiram sua produção na segunda safra. Consumimos internamente 72% da nossa produção, os outros 28% vão para exportação, principalmente para China, Japão e Vietnã. Já somos também, o 2º maior produtor de etanol de milho do país.
“O uso de tecnologias na agricultura tem contribuído para a expansão e beneficiamento do milho, tornando o grão um importante polo econômico para Mato Grosso do Sul, agregando valor, contribuindo para geração de empregos e segurança alimentar. Ele é a base para muitos alimentos, também se transforma em etanol, que é um biocombustível, além de óleo e ração animal. E quanto mais opção de comercialização do grão, melhor é para o produtor rural e toda sociedade”, destaca o presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni.
Para o presidente da Aprosoja/MS, Jorge Michelc, o milho é uma das culturas mais importantes para inúmeros agricultores de Mato Grosso do Sul. “Em Mato Grosso do Sul temos empreendimentos que utilizam o milho como matéria-prima, e sob o ponto de vista econômico, o cereal é excelente alternativa de geração de renda”.
Produtividade
De acordo com dados levantados pela equipe técnica da Associação de Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), a estimativa para a segunda safra de milho em Mato Grosso Sul é de 2,218 milhões de hectares, 5,82% menor em relação ao ciclo passado (2022/2023). A produção está estimada em 11,4 milhões de toneladas, uma queda de 19,23%, e a produtividade é prevista em 86,3 sacas por hectare, uma retração de 14,25%.
“Esta safra apresenta irregularidades tanto na diferença de níveis de desenvolvimento do milho como também no potencial produtivo. Quanto aos estágios de desenvolvimento, o acompanhamento da Aprosoja mostra que temos aqui no Mato Grosso do Sul milho com emissão da segunda folha e em período de maturação dos grãos”, aponta o assistente técnico da Aprosoja/MS, Flávio Faedo Aguena.
Ainda de acordo com levantamento feito pela Aprosoja/MS, a situação atual da safra do milho é reflexo do que foi a safra da soja. No início da primeira safra muitas áreas sofreram com a falta de chuva, o que levou muitos produtores a refazer a semeadura de suas áreas.  No projeto Siga-MS, executado pela Aprosoja/MS, foi computado mais de 450 mil hectares replantados e o plantio da soja se estendeu até 13 de maio, isso acarretou o atraso da colheita (mais de 4 semanas em relação à safra anterior) da soja e provocando também o atraso no plantio do milho. Segundo o Zoneamento Agrícola de Risco Climático, para a maioria dos municípios, a melhor janela para o plantio do milho segunda safra é no mês de janeiro, mas podendo se estender no máximo até março.
“Nesta safra teve milho que foi plantado em janeiro como também teve milho sendo plantado até o começo de maio. Durante esse tempo, também tivemos veranicos, algumas áreas ficaram 10 a 20 dias sem chuva, outras ficaram com mais de 30 dias sem chuvas. A estimativa do Projeto Siga/MS é que mais de 470 mil hectares sofreram com estresse hídrico. Isso provocou esses diferentes cenários no milho segunda safra aqui no MS”.
Nas regiões Norte e Nordeste do Estado, encontram-se as lavouras com maior potencial produtivo. Enquanto a região Sul foi a mais afetada pelos veranicos, nesta região, de acordo com os técnicos da Aprosoja/MS, é possível ver o milho com porte abaixo do normal e muitas falhas no estande.  Este atraso no plantio do milho expõe a cultura a uma janela de maior risco climático, já que quando a cultura mais precisa de chuva para formação do grão vai coincidir com o período do ano em que há menos chuva e com maior risco de geadas e granizos.
No cenário nacional, de acordo com dados do boletim econômico da Aprosoja/MS, a expectativa para safra de milho 2024/2025 é que haja redução de 6% da exportação e aumento de 3% do consumo, a demanda totaliza 129,5 milhões de toneladas. O aumento de 2% da produção e de 25% da importação, com redução de 67% do estoque inicial, culminam em uma oferta de 132,34 milhões de toneladas.
Para o analista econômico da Aprosoja/MS, Mateus Fernandes, existem diversos fatores que influenciam no preço e comercialização do milho. “Em uma análise macroeconômica, o Brasil é o terceiro maior produtor de milho, ficando atrás dos Estados Unidos que é o maior produtor mundial, e da China. Entender a posição do Brasil no cenário mundial é importante, visto que o que acontece na economia desses dois países influenciam diretamente no mercado do milho brasileiro. A demanda mundial por milho tem se mantido praticamente estável, e a safra de milho tem cada vez mais exigindo altos investimentos em tecnologias, o que eleva o custo de produção. Com os problemas climáticos no Brasil, e os produtores tendo que fazer replantio, esses custos ficaram ainda mais altos. Esse clima de incerteza acabou por influenciar nos preços. Contudo, percebe-se que houve melhora no preço do milho disponível nos últimos dois meses, e a expectativa é que os preços melhorem no segundo semestre, devido principalmente à disputa por milho entre a demanda externa e interna. Dessa forma, a estratégia que pode ser adotada é esperar um pouco para vender os grãos, mas essa é uma estratégia que pode influenciar negativamente na capacidade estática de armazenagem de grãos, e acabar refletindo, inclusive, nos preços do milho”.
Semanalmente, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), juntamente com o Governo do Estado de MS e a Famasul, divulgam dados ligados à agricultura sul-mato-grossense.
(Notícias Agrícolas)