Em julho, o preço pago pela arroba do boi gordo em Mato Grosso do Sul fechou valendo R$ 131,77, valorização de 13,2% em um ano. A alta foi puxada pela demanda aquecida num período de baixa oferta. No entanto, a região sofre com a falta de chuva.
O pecuarista Luiz Vieira avalia um dos poucos lotes de gado Nelore que ainda estão na fazenda. A propriedade fica em Sidrolândia, região central do estado. “É muito difícil, porque você não tem para onde mudar o gado. Tá tudo seco, tudo igual. Então nós ficamos rodando o gado e daí não adianta nada. Ele não engorda, não ganha peso”, diz.
Para não perder dinheiro, seu Luiz está mandando parte do gado para o confinamento. Animais que iriam para o frigorífico no ano que vem vão ser abatidos mais cedo. “60 bois, mais ou menos 480 quilos de média e que deverá ficar em torno de 70 dias no confinamento para ir para o abate final”, conta o pecuarista.
Essa tem sido uma estratégia para muitos criadores do estado que sofrem com a estiagem. Nesta temporada os pecuaristas estão gastando mais para engordar o boi no confinamento. Em agosto de 2017, o valor médio da diária era de R$ 7,00. Hoje, chega a R$ 8,50. Segundo os criadores, isso é reflexo do aumento de custos dos principais componentes da ração.
Nos últimos 12 meses, o milho teve alta de 62%, o farelo de soja registrou aumento de 55% e o núcleo com minerais subiu, em média, 10%. O produtor Rodrigo Soriano sentiu a redução da margem de lucro.
“Suplemento, folha de pagamento, óleo diesel, aumentou muito mais. Sem dizer que, há três anos, a arroba do boi era mais que hoje, mais de 10% mais caro que hoje”, diz.
Para a analista técnica da Famasul, Eliamar Oliveira, “já se fala numa seca histórica e isso impacta diretamente no campo. Ou seja, uma seca mais intensa torna o período de entresafra mais intenso e isso, provavelmente, vai refletir nos preços pagos ao bovino”.