A estiagem no Paraná levou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a reduzir a expectativa para a produção de milho na segunda safra para 55,3 milhões de toneladas na temporada 2017/2018. A queda é de 17,8% ante o recorde de 67,4 milhões de toneladas colhidas em 2016/2017.
A nova previsão é 1,2% menor que a anterior , divulgada em julho, que era de 56,01 milhões de toneladas. A consultoria AgRural projeta um volume ainda mais baixo para a segunda safra de grãos, de 53,4 milhões de toneladas.
Já a área cultivada recuou de 12,1 para 11,6 milhões de hectares na segunda safra, segundo a estatal.
O Paraná é o segundo maior produtor do grão no País, atrás de Mato Grosso, e colheu 49% da área, sendo que 30% das lavouras estão em situação ruim segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura do Estado.
“A redução do potencial produtivo da cultura é resultado de um plantio tardio, em decorrência do atraso registrado na soja e da falta de chuvas em um período crítico para a lavoura”, explica o analista de mercado da AgRural Adriano Gomes Bueno.
A consultoria projeta uma retração de 26% na produção na segunda safra no Estado, para 9 milhões de toneladas ante as 13 milhões de toneladas em 2016/2017.
De acordo com a assessora técnica de grãos do Departamento Técnico Econômico (DTE) da Federação da Agricultura e Pecuária do Paraná (FAEP), Ana Paula Kowalski, a falta de chuvas prejudicou a quantidade e a qualidade do grão e agravou uma retração que já era esperada devido aos preços baixos pagos pelo grão na temporada passada.
A soma das duas safras deve resultar em 82,1 milhões de toneladas, com o ciclo de verão estimado em 26,8 milhões de toneladas, 11,9% inferior ao ciclo passado. Neste caso, a retração está mais relacionada à menor área destinada à cultura. A área de milho primeira safra recuou de 5,5 para 5,1 milhões de hectares.
“Na safra 2018/2019 esperamos que a tendência de uma maior aposta na soja no verão e na safrinha de milho no inverno permaneça, com uma possível retomada de área para o milho”, estima Ana Paula. Para a soja, principal cultura do País, a Conab reafirmou a expectativa de recorde de produção, e projeta a colheita de 119 milhões de toneladas, alta de 4,3% ante à safra passada.
Trigo
Principal cultura de inverno, o trigo deve contar 2 milhões de hectares plantados, segundo a Conab, aumento de 6,2% na área em relação à safra anterior, com produção estimada de 5,14 milhões de toneladas.
A situação nas lavouras, contudo, preocupa. “A falta de chuvas que afetou a produção de milho no período de desenvolvimento prejudicou o trigo na implantação, o que levou ao atraso no plantio em algumas regiões”, avalia Ana Paula.
“Ainda estamos consolidando as perdas. Como a cultura precisa de menos água, pode ser que os prejuízos sejam mais concentrados em algumas áreas do que outras”, destaca a assessora técnica.
Conforme a Conab, para a safra de grãos 2017/18 como um todo, a produção brasileira de grãos deve chegar a de 228,6 milhões de toneladas, retração de 3,8% em relação à safra anterior. A área é estimada em 61,7 milhões de hectares, alta de 1,3% ante 2016/17. (Reuters)