Ao contrário do que ocorre com a soja, as exportações de milho vêm sendo prejudicadas pelo tabelamento do frete, diz a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais. Segundo a Anec, desde a adoção da tabela “a comercialização da safrinha de milho está praticamente parada”. Como a questão segue indefinida, a entidade reduziu a sua estimativa para exportação de milho em 2018 para 27 milhões de toneladas. No início do ano, a associação projetava 30 milhões de toneladas, mas em julho já havia revisado a previsão para 28 milhões de toneladas. A decisão do Supremo Tribunal Federal sobre ações de inconstitucionalidade contra o tabelamento só deve vir após realização de audiência pública para discussão do tema, marcada pelo ministro Luiz Fux para o dia 27 de agosto.
Segundo a Anec, negócios vêm sendo firmados e o milho transportado somente em rotas mais curtas, onde o valor praticado já era igual ou menor ao valor da tabela. “O embarque do milho em navios está ocorrendo quase que exclusivamente em portos onde o acesso principal acontece por outros modais que não o rodoviário, caso do porto de Santos, que recebe quase 80% dos grãos via ferrovia, e dos portos de Santarém, Itacoatiara, e Barcarena, abastecidos pelo acesso hidroviário”, disse a associação.
Conforme a associação, a dificuldade de precificação para a safra 2018/2019 é semelhante à enfrentada na comercialização do milho segunda safra neste ano. Segundo a Anec, um agravante é o valor mais baixo do milho no mercado interno, “dificultando ainda mais a negociação junto ao produtor e inviabilizando o início do escoamento da safra”.
A Anec estimou que as exportações de milho no mês de julho somaram 1,8 milhão de toneladas, queda de 45% ante o volume exportado em julho de 2017. No acumulado do ano, as exportações de milho totalizam 5,3 milhões de toneladas, 1 milhão a menos do que o resultado obtido entre janeiro e julho do ano anterior, o que significa redução de 16%. Para agosto, a associação prevê embarques de cerca de 3,1 milhões de toneladas, 2,3 milhões a menos do que o total embarcado em igual período de 2017.
A associação usa uma base de dados diferente da do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), que divulgou na quarta-feira (1) embarques de 1,17 milhão de toneladas em julho. Enquanto o MDIC leva em conta os registros de exportação e documentos apresentados no embarque como base de cálculo, a Anec considera números de agências marítimas referentes ao volume efetivamente embarcado nos navios. (AE)