Segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, o agronegócio paulista detém um gargalo no âmbito da conectividade, apesar de ter registrado US$ 10,04 bilhões de superávit na balança comercial nos seis primeiros meses do ano. “Milhares de produtores estão no breu, precisamos mudar isso”, afirmou o secretário de Agricultura, Antonio Junqueira, sobre os locais no estado que não têm cobertura de internet.
Junqueira ressalta que, em algumas das principais rodovias, como Bandeirantes e Castelo Branco, vários pontos estão sem sinal de internet. “Em alguns trechos, caminhoneiros e produtores rurais ficam até 30 minutos andando pelas rodovias sem nenhum sinal de internet.”
Conforme o secretário, a meta do governo estadual é zerar essa falta de cobertura até 2026. Para isso, tem conversado com grandes e pequenas operadoras para que os produtores paulistas tenham acesso à internet de qualidade. “A conectividade no campo pode elevar os índices de produtividade entre 15% e 25%. O tempo gasto em deslocamento e a falta de informações prejudica a atividade”, explica o secretário.
Além disso, Junqueira destaca que um plano está sendo montado para atender aos pequenos produtores, usando recursos do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap). “A ideia é ter uma linha entre R$ 8 mil e R$ 10 mil para financiar a compra de kits de internet a serem instalados nas propriedades.”
De acordo com a secretaria da Agricultura, quando se fala em tecnologia no campo, logo se pensa em modernas máquinas agrícolas operadas por sistema remoto, mas, em São Paulo, a falta de internet impede que atividades corriqueiras, como emitir uma nota fiscal de venda pela produção ou uma guia, afeta pequenos e médios produtores.
“Para fazer qualquer operação, o agricultor familiar precisa pegar seu carro ou caminhonete, seguir, muitas vezes, por estradas de terra, para ir até a cidade pra pagar uma conta no banco, o que ele poderia fazer pelo celular se tivesse internet”, explica Alberto Amorim, coordenador de Assessoria Técnica da Secretaria de Agricultura.
Além disso, Amorim ressalta que esse deslocamento impacta em custos, com combustível, e emissão de carbono. “O pequeno produtor perde tempo e dinheiro quando se ausenta da propriedade, tudo isso pela falta de conectividade.”
De acordo com um estudo da ESALQ/USP, independentemente do tamanho dos estabelecimentos rurais, cadeia produtiva, renda ou perfil de produtor, a tecnologia da informação é de suma importância no contexto da agropecuária de países em desenvolvimento, diminuindo desigualdades entre cidade e campo.
Segundo levantamento da Secretaria de Agricultura, hoje, no estado, apenas 50% do território tem cobertura de internet e se concentra nas áreas urbanas. Isso acontece, porque na época em que foram concedidas as concessões para cobertura de internet no Brasil, as operadoras focaram pelos grandes centros, com maior número de pessoas e poder aquisitivo. “A tecnologia avançou, os celulares se popularizaram, mas a rede de cobertura não avançou na mesma velocidade”, explica Amorim.
Para o secretário de Agricultura, sinal de internet confiável e de alta velocidade nos imóveis rurais, possibilita aos produtores, com maior facilidade, tomar decisões sobre suas operações. “A inclusão digital garante aos produtores acesso a informações, tecnologias e mercados, no próprio celular, com rapidez e qualidade”, exemplifica Junqueira.
O coordenador de Assessoria Técnica da Secretaria de Agricultura ressalta que a conectividade no campo viabiliza o acesso à educação, o que aproxima o produtor no campo ao mundo acadêmico, com novas práticas e tecnologias. “Ao aproximar as gerações, no âmbito das sucessões familiares, por exemplo, você evita o êxodo rural”, explica Amorim.
(Canal Rural)