A diferença de preços entre a carne suína e a bovina no mercado doméstico em 2023 caiu para 82% na média dos primeiros seis meses do ano, em relação a 152% no mesmo período do ano passado, favorecendo a competitividade da carne bovina, segundo análise da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS).¨“Com a carne bovina mais ofertada e barata, houve uma redução considerável da competividade da carne suína no atacado, pois a diferença de preço entre as duas carcaças (spread) está bem menor do que em anos anteriores”, disse a ABCS.
A redução na diferença de preços ocorre devido à maior disponibilidade de carne bovina no mercado doméstico e redução na de carne suína. A disponibilidade interna de carne suína nos primeiros cinco meses de 2023 caiu em 30 mil toneladas e a de carne bovina aumentou em quase 300 mil toneladas, quando comparadas com o mesmo período de 2022, segundo dados elaborados pelo consultor de mercado da ABCS, Iuri P. Machado. “Esta redução, embora relativamente pequena, significa um recuo projetado de 340 g per capita/habitante/ano, sendo que nos últimos anos o consumo per capita de carne suína vinha subindo acima de 1 kg/hab./ano”, segundo a análise da ABCS.
A média de preço da carcaça suína em 2023 calculada pela ABCS, considerando janeiro a junho, é de R$ 10,08/kg, e a da carcaça bovina, R$ 18,31/kg. Com a oferta crescente de carcaça bovina, cuja cotação continua em queda, o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, não espera altas significativas no preço pago ao produtor de suínos, a menos que a oferta de carne suína caia no mercado doméstico.
“Com as safras brasileiras recorde de soja e milho consolidadas, os olhos voltam-se para o desenvolvimento da safra norte-americana, sob ameaça climática, e cuja redução pode resultar em pressão para maior exportação de nossos grãos. Até que isso se confirme, a janela de oportunidade para aquisição dos principais insumos da atividade estará aberta”, disse Lopes. O dirigente disse que a queda nos custos tem colaborado para margens positivas dos criadores de suínos, apesar do preço do animal estar baixo. “Porém, além do tempo necessário para que isso se reflita no fluxo de caixa dos produtores, há um prejuízo acumulado de quase dois anos de crise, muitas vezes agravado pelo endividamento a juros elevados, que levará algum tempo para que seja compensado.”
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) disse em nota na quinta-feira (22) que houve recente melhora na demanda por carne suína no mercado doméstico e avanço nos preços registrados para grande parte dos produtos suinícolas. Entretanto, esse movimento ainda não foi o bastante para reverter os recuos nos preços da carcaça suína observados nas primeiras semanas de junho, influenciados pela oferta elevada. O preço médio da carcaça especial suína no atacado da Grande São Paulo registra queda de 8,4% na parcial de junho, em relação a maio, a R$ 8,84.
(CarneTec)