A JBS encerrou o primeiro trimestre de 2023 com prejuízo líquido de R$ 1,5 bilhão ante lucro líquido de R$ 5,142 bilhões, ou R$ 2,29 por ação, verificado em igual período de 2022, informou a empresa. A receita líquida foi de R$ 86,683 bilhões, queda de 4,6% em relação aos R$ 90,866 bilhões do primeiro trimestre do ano passado. Já o Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) diminuiu 78,6%, passando de R$ 10,084 bilhões para R$ 2,162 bilhões. A margem ficou em 2,5%.
A dívida líquida da companhia somou R$ 83,746 bilhões, 26% superior ao reportado em igual trimestre de 2022, de R$ 66,488 bilhões. Em dólares, a dívida líquida aumentou 17,5%, de US$ 14,033 bilhões para US$ 16,484 bilhões. Já a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, ficou em 3,14 vezes em reais e 3,16 vezes em dólares no primeiro trimestre, contra 1,36 vez e 1,53 vez, respectivamente. Na comparação com o índice do trimestre anterior, o último de 2022, a alavancagem estava em 2,29 vezes em reais e em 2,26 vezes em dólares. O resultado financeiro líquido da empresa ficou negativo em R$ 1,55 bilhão, contra um resultado também negativo de R$ 210,073 milhões no primeiro trimestre de 2022.
Por unidade de negócio, o Ebitda ajustado da JBS Austrália recuou 104%, seguido pela JBS Beef, que caiu 97,2%, JBS USA Pork, com queda de 81,2%, enquanto o da Seara recuou 76,1% e o da Pilgrim’s Pride caiu 56,5%. O Ebitda ajustado da JBS Brasil diminuiu 32,3%.
No primeiro trimestre do ano, a Seara teve receita líquida 8,9% maior do que em igual período do ano anterior, para R$ 10,329 bilhões. A companhia atribui o resultado a um aumento de 7% no volume vendido e de 2% no preço médio de venda.
As vendas no mercado interno, que responderam por metade da receita da unidade, totalizaram R$ 5,2 bilhões, aumento de 13,5% ante igual período de 2022. No mercado externo, a receita líquida da Seara foi de US$ 991 milhões, um crescimento de 5,3% em relação ao primeiro trimestre de 2022. “No trimestre, a queda do preço foi resultado do excesso de oferta de aves global, impactando os preços em dólares”, diz a empresa em comunicado.
A JBS Brasil apresentou receita de R$ 12,2 bilhões, queda de 15% ante o primeiro trimestre de 2022. A JBS disse que no mercado doméstico o cenário macroeconômico continua bastante desafiador, pressionando o consumo de carne bovina. “A venda na categoria de carne bovina in natura caiu 5% na comparação anual, apesar da queda de 6% dos preços médios, parcialmente compensado pelo aumento de 1% nos volumes”, aponta a empresa, no comunicado. Já no mercado externo, a receita foi 39% menor na mesma base comparativa.
Na América do Norte, a receita líquida no período foi de R$ 27,4 bilhões, 5,6% a menos em relação ao primeiro trimestre, com um Ebitda ajustado de R$ 116 milhões, e margem Ebitda ajustada de 0,4%. Esses resultados incluem o impacto da apreciação de 0,6% do câmbio médio, que foi de R$ 5,22 no primeiro trimestre de 2022 para R$ 5,19 agora. A oferta de gado se manteve baixa, prejudicando as margens da JBS USA Beef.
Potencial
O resultado do primeiro trimestre de 2023 da JBS não representa o potencial da companhia, disse o CEO global da empresa, Gilberto Tomazoni. “Já vislumbramos melhorias, a perspectiva é de recuperação nas margens”, argumentou. O balanço da empresa mostra prejuízo líquido de R$ 1,5 bilhão no primeiro trimestre deste ano, ante lucro líquido de R$ 5,412 bilhões em igual período do ano passado.
O executivo comentou que o segundo trimestre e o terceiro trimestres de 2023 tendem a ser melhores, principalmente na unidade de negócios dos Estados Unidos, somado a melhorias na logística mundial. “Isso ajuda, e é importante para (atuarmos) na Ásia. É algo favorável, assim como a queda nos preços do milho.” As cotações do cereal têm despencado no mercado interno, por causa da safra recorde de inverno do grão referente ao ciclo 2022/23.
Sobre o desempenho da JBS Austrália no período, cuja receita líquida foi de R$ 7,2 bilhões, queda de 2,3% ante o primeiro trimestre de 2022, Tomazoni disse que a empresa “não mudou de opinião” em relação à operação e que estão “otimistas”. “Há gado disponível no pasto, essa oferta deve começar a chegar. O País estava reconstruindo o rebanho, mas ainda não está disponível. Vemos melhoria gradual no negócio”, acrescentou.
Em relação ao consumo de carne bovina no Brasil, Tomazoni avaliou que o ciclo pecuário positivo no País, com a maior disponibilidade de boiadas prontas, já está pressionando a arroba do boi no mercado físico, mas que ainda é “prematuro” dizer se haverá queda nos preços da carne no mercado doméstico. “Isso tudo pode levar a carne bovina a ter sua competitividade (de preços) em comparação com as outras proteínas.”
(Estadão)