O plantio de soja da safra 2018/19 vai atrasar em virtude da indefinição sobre os preços do frete rodoviário no País, que paralisou as vendas de fertilizantes para a próxima temporada, disse ao Broadcast Agro o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz Pereira. “Já não há como recuperar este atraso. Com a negociação de soja parada, os caminhões não estão indo para os portos e nem retornando com fertilizantes para as regiões produtoras. Por isso, a próxima safra será comprometida”, disse Braz.
Agricultores, segundo ele, não fizeram encomendas de adubos em maio e junho, meses em que tradicionalmente adquirem o insumo para a temporada seguinte. Isso aconteceu porque os preços dos produtos aumentaram, em média, de 30% a 40% refletindo o frete mais alto determinado na tabela em vigor. “Eles não estão comprando por não terem certeza do que acontecerá com os valores do frete”, explicou. Mesmo que a questão fosse resolvida hoje, insumos comprados em julho chegariam 60 a 90 dias depois nas fazendas, de acordo com Braz, ou seja, entre setembro e outubro. Entretanto, como não há expectativa de definição antes do recesso parlamentar, que começa no dia 17 deste mês, Braz prevê que em boa parte do País o plantio da soja deve começar em novembro.
Estados do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e do Centro-Oeste serão os mais prejudicados, mas outras regiões produtoras também atrasarão o cultivo da oleaginosa, na avaliação do presidente da Aprosoja Brasil. “Ao invés de plantarem em setembro e outubro, vão plantar entre novembro de dezembro, mas neste caso devem enfrentar outras pragas, o que pode comprometer a produtividade.” Segundo ele, a alta do custo de produção levará os produtores a reduzirem o uso de tecnologia e fertilizantes. “Há tendência também de redução da área plantada de soja, mas não fizemos um cálculo ainda de quanto seria o recuo.”