A esperada diminuição da oferta de carne suína no mercado doméstico, decorrente de presumidos ajustes no plantel, não se concretizou, até o momento. Pelo contrário, no acumulado de janeiro a agosto, houve um acréscimo de oferta de carne suína no mercado interno da ordem de 228 mil toneladas (8,8%) em relação ao mesmo período do ano passado, informa a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), em Boletim de Mercado de setembro, com base em números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao primeiro trimestre e dados extraoficiais do abate de julho e agosto.
Segundo a ABCS, os custos também continuam em nível muito elevado e a queda que vinha sendo observada mês a mês no primeiro semestre não se manteve no último mês. “Em agosto até identificou-se pequena alta, determinando a persistência de margens negativas para o suinocultor”, afirmou a associação.
O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, disse no boletim que mesmo com colheita de safra recorde de milho, com um ciclo de seis meses de recuperação de preços da carcaça suína (interrompido no fim de agosto), e exportação sem precedentes para um único mês em agosto, o suinocultor continua no prejuízo. Segundo Lopes, o produtor “só enxerga algum alento com a aproximação do fim do ano, esperando que o tradicional aquecimento de demanda seja suficiente para finalmente determinar margens positivas na atividade que, apesar de acumular prejuízos desde o segundo trimestre do ano passado, não reduziu a oferta de carne, principal causa desta crise”.
Conforme Lopes, as atenções agora recaem sobre a colheita da safra norte-americana de milho, os embarques de cereal brasileiro e o início efetivo do plantio da safra 2022/23 na região Centro-Sul. De acordo com a ABCS, encerrada a colheita da segunda safra de milho, os preços continuam estáveis, mesmo com as exportações crescentes. “Há um pequeno viés de alta, que pode ser observado nas últimas semanas muito mais relacionado às especulações quanto à colheita da safra norte-americana e a expectativa do início do plantio da safra brasileira 2022/23 do que propriamente movimentos de compradores e vendedores do grão”, explicou a associação.
Quanto às exportações de carne suína, a ABCS relatou que houve recorde no mês de agosto, o que colaborou para manter crescente o preço da carcaça suína especial no mercado de São Paulo. Apesar disso, “o mercado de suínos vivos e carcaças em setembro frustrou as expectativas dos produtores, mostrando que o descompasso entre oferta e demanda fez com que os preços pagos ao produtor recuassem nas últimas semanas”.
(Broadcast Agro)