O presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Paulo Pires, destacou que o aumento dos juros cobrados aos produtores rurais nas linhas do Plano Safra 2022/23 já era esperado pelo setor, dado o contexto global de juros elevados. “Entendemos o contexto de juros alto no mundo todo e, por isso, o produtor brasileiro já esperava que o custo dos juros do plano não seria totalmente atrativo. Além disso, neste ano, praticamente todas taxas de juros do plano ficaram abaixo da Selic (hoje de 13,25% ao ano), ou seja, são juros negativos, abaixo da taxa real de juros, o que é positivo”, afirmou Pires. “Entendemos a situação do governo e o contexto atual, diferentemente de 2021, quando a realidade de juros e custos era muito diferente.”

Segundo Pires, no Plano Safra 2021/22, as taxas de juros aplicadas aos pequenos produtores desagradaram ao setor, pois o cenário era de taxa Selic baixa, ao contrário deste ano, em que os juros cobrados dos pequenos foram bem recebidos pelo setor produtivo. “Hoje os juros para os pequenos e médios estão praticamente 50% abaixo da Selic”, apontou. Contudo, as taxas para investimentos vieram acima do desejado pelo setor. “Principalmente em investimentos, juros não são o que se esperava em relação à realidade de retorno. Se fizermos investimento com esta taxa de juros, o retorno não vem logo. Hoje, não são somente os juros que estão caros, o preço das máquinas, por exemplo, subiu quase 300%”, comentou.

De forma geral, Pires avalia que o Plano Safra foi positivo, especialmente no aumento de 36% no montante total de recursos disponíveis para R$ 340,88 bilhões. “O aumento de 8% no volume de recursos com taxas controladas e 70% em livres foi positivo também. Sabíamos que o governo teria dificuldade em elevar recursos com taxas controladas, pelo cenário atual de juros”, pontuou. Ele acrescenta, porém, que o aumento não compõe a elevação do custo de produção, de quase 50% nas lavouras gaúchas. “O cenário de custo de produção é desafiador para o produtor, mas entendemos que não é por meio do Plano Safra que vamos corrigir isso”, pontuou.

Na avaliação do presidente da Fecoagro, os três principais destaques do plano foram o aumento dos recursos para o Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), para o Inovagro, focado em inovação tecnológica, e o fortalecimento do financiamento aos pequenos e médios produtores. “São dois pontos que o cooperativismo gaúcho valoriza: premiar os agricultores que adotam práticas sustentáveis e o incentivo à inovação”, concluiu.

(Broadcast Agro)