O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e o Instituto O Mundo Que Queremos estão desenvolvendo um novo indicador público de transparência e controle da cadeia de produção e comercialização de carne bovina no Brasil: o Radar Verde.
Segundo os organizadores, o indicador vai mostrar para os consumidores quais frigoríficos e redes varejistas têm melhor controle e transparência sobre sua cadeia de produção, a fim de garantir que a carne que vendem não causou desmatamento na Amazônia, nem direta, nem indiretamente.
“Os consumidores têm papel importante e podem ajudar a frear o desmatamento na maior floresta tropical do planeta exigindo que a carne bovina que comem não venha de áreas de desmatamento. Mas, para garantir a origem da carne, é preciso monitorar toda a cadeia produtiva, começando pela fazenda onde nasce o bezerro e seguindo por todo o caminho que o produto faz até chegar à mesa das pessoas”, disseram os institutos em nota.
Nessa primeira edição, 90 frigoríficos com unidades de produção na Amazônia e os 70 maiores varejistas do país, segundo o ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), foram convidados a responder um questionário para avaliar seu grau de transparência e controle sobre a cadeia de produção. “Os resultados nos mostrarão o quanto cada empresa consegue aplicar de políticas socioambientais rigorosas em sua cadeia de fornecedores e serão expostos em uma plataforma digital.”
A analista de Pesquisa do Imazon, Camila Trigueiro, disse à CarneTec que o Radar Verde está em período de lançamento do primeiro ano de avaliação (2022).
O que dizem os consumidores
De acordo com uma pesquisa encomendada pelo Radar Verde e realizada pelo Reclame AQUI, os brasileiros acham importante rastrear a carne que consomem.
Mais de 40% dos entrevistados responderam que já deixaram de comprar carne de fabricantes associados ao desmatamento ou violação de leis ambientais e 58% afirmaram que a informação clara sobre a procedência da carne é um fato relevante na hora da decisão da compra. Além disso, a maioria (79%) afirmou que quem vende a carne bovina (supermercados e frigoríficos) deve ser responsável por verificar se a produção causou ou está relacionada com o desmatamento.
Os consumidores também responderam sobre que tipo de garantia seria suficiente para que eles confiassem que a produção da carne que consomem não está associada ao desmatamento. Todos afirmaram que gostariam de ter acesso a indicadores transparentes sobre as políticas de sustentabilidade dos fabricantes de carne.
O déficit de transparência e controle dessa cadeia produtiva deve afetar cada vez mais as vendas das empresas. Entre os mais de 9 mil consumidores que responderam à pesquisa, 4.008 disseram que já deixaram de comprar carne de fabricantes publicamente associados ao desmatamento e 43% afirmaram que a marca da carne é um fator importante na hora da escolha.
Caso a rastreabilidade fosse regra, 73% dos consumidores disseram que deixariam de comprar em supermercados e frigoríficos que não conseguem garantir a procedência da carne que vendem e que a produção não causou desmatamento.
A pesquisa foi aplicada pelo Instituto Reclame AQUI nos dias 16, 17 e 18 de novembro de 2021 e respondida por 9.832 usuários. O formulário de perguntas foi publicado no site do Reclame AQUI em todas as áreas de acesso aos consumidores, exceto na área de reclamações. Puderam responder à pesquisa todos os consumidores que acessaram a plataforma.
(CarneTec Brasil)