A produção brasileira de grãos na safra 2021/22 deve atingir 271,77 milhões de toneladas, volume que representa um aumento de 6,4% em comparação com 255,51 milhões de t da safra anterior 2020/21. Os dados fazem parte do 8º Levantamento da Safra de Grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado hoje. O resultado também apresenta um ligeiro ganho de 2,5 milhões de toneladas (0,9%), quando comparado com a estimativa publicada no mês anterior (269,31 milhões de t). “Essa melhora na produção é explicada pela maior área plantada de milho segunda safra, além do melhor desenvolvimento no final do ciclo das lavouras, sobretudo de arroz, milho e soja”, informa a estatal, em comunicado.
Entre as culturas de primeira safra, a soja já apresenta cerca de 95% da área colhida. A estimativa de produção da oleaginosa está em 123,8 milhões de toneladas, redução de 10,4% em relação à safra anterior (138,15 milhões de t).
Para o milho é esperada uma produção total 116,19 milhões de toneladas, elevação de 33,4% em comparação com a safra 2020/21 (87,10 milhões de t). A janela mais alongada para plantio da segunda safra somada às condições de mercado favoreceram o crescimento de área do cereal. “Durante as viagens de campo, os técnicos da Companhia identificaram áreas semeadas, inclusive, fora da janela ideal, o que demonstra que a rentabilidade esperada para cultura ainda é atrativa para os produtores”, ressalta o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro.
Esse aumento reduziu o impacto negativo verificado pelas condições climáticas adversas em importantes regiões produtoras para a segunda safra do grão, como Goiás e parte de Mato Grosso. Mesmo com a estiagem registrada, a produtividade no Estado goiano deve ser elevada em 31,7% em relação ao ciclo anterior. “A atual safra não irá atingir a produtividade potencial, mas ainda tende a ser uma boa produção principalmente pelas lavouras plantadas mais cedo. No entanto, ainda precisamos ter atenção com o desenvolvimento da cultura. A maior parte do milho semeado se encontra em estágios de desenvolvimento em que o clima é preponderante. Para Mato Grosso e Goiás há uma tendência de déficit hídrico. Já em Mato Grosso do Sul e no Paraná, a maior preocupação é com o risco de geadas”, pondera o diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas, Sergio De Zen.
A segunda safra de milho, também chamada de safrinha, deve atingir 89,30 milhões de t, aumento de 47% em comparação com o ano passado (60,74 milhões de t).
Outra importante cultura de segunda safra, as lavouras de algodão têm apresentado clima favorável para o desenvolvimento da fibra que, aliada ao ganho de área, resulta numa produção de 2,82 milhões de toneladas de pluma. Se confirmado, o volume estimado será o segundo maior já registrado na série histórica, sendo 19,5% superior à safra passada (2,36 milhões de t) e menos apenas que o registrado no ciclo 2019/20.
Para o feijão, a expectativa de uma boa segunda safra da leguminosa vem se confirmando. O clima mais favorável contribui para um maior rendimento dos grãos, na maioria das regiões produtoras, o que traz uma expectativa de colheita em 1,4 milhão de toneladas, um incremento de 23,3% em relação ao mesmo período da safra 2020/21 (1,14 milhão de t).
A terceira safra de feijão está projetada em 800 mil t (aumento de 2,6% em comparação com o ano passado, 779,6 mil t). Desse modo, as três safras de feijão de 2021/22 devem render um total de 3,14 milhões de t aumento de 8,4% ante 2020/21 (2,90 milhões de t).
No caso do arroz, a colheita atinge 91% da área. A expectativa da Conab é que o Brasil produza 10,7 milhões de toneladas, queda de 9,1% em relação ao volume produzido na safra passada (11,77 milhões de t). A redução registrada para estes grãos neste ciclo é explicada pela estiagem registrada nos Estados do Sul do país e em parte do Mato Grosso do Sul entre o fim de 2021 e início deste ano.
Dentre as culturas de inverno, o panorama de mercado de trigo estimula os produtores. A expectativa de área plantada do grão no país teve uma elevação de 3% neste levantamento. Destaque para o Rio Grande do Sul, onde a intenção de plantio mostra uma elevação de 9,7%, saindo de 1,16 milhão de hectares para 1,27 milhão de hectares. A produção pode atingir 8,13 milhões de t, alta de 5,9% ante o ano passado (7,68 milhões de t).
Exportação – Neste 8º levantamento, a Companhia não alterou as estimativas de importação de nenhum produto em relação ao levantamento anterior. Já as exportações de milho para 2022 foram aumentadas, passando de 37 milhões de toneladas para 38 milhões de toneladas. Se confirmado, os embarques para o mercado externo terão um incremento de 82,6% em relação à safra anterior. Essa elevação é explicada pelo crescimento da produção brasileira alinhada à demanda internacional aquecida.
Para os demais produtos, as estimativas de exportação foram mantidas: algodão em 2,05 milhões de toneladas, arroz em 1,3 milhão de toneladas, feijão em 200 mil toneladas e soja em 77 milhões de toneladas. No caso do trigo, as informações ainda são referentes à safra 2021, que tem o ano comercial de agosto de 2021 a julho de 2022. Para o cereal, a expectativa de venda para o mercado internacional segue em 3 milhões de toneladas.