A Coordenadoria das Câmaras Setoriais da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo realizará, amanhã, uma reunião virtual com a Câmara Setorial da Pecuária, do Ministério da Agricultura, para discutir a situação de São Paulo em relação à suspensão da vacinação, no Estado, contra febre aftosa. O encontro ocorre na sequência de decisão do Ministério da Agricultura de sábado (30), que anunciou o fim da imunização dos rebanhos em Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Tocantins e Distrito Federal após a campanha de novembro deste ano, dentro do plano de alterar o status do País como área livre de aftosa sem vacinação.

São Paulo e todos esses Estados, além de Bahia, Rio de Janeiro e Sergipe, fazem parte do Bloco IV do Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PE-Pnefa). Entretanto, São Paulo, Rio, Bahia e Sergipe ficaram de fora da decisão do ministério, pelo menos por enquanto. No caso de São Paulo, fontes disseram ao Broadcast Agro que o setor pecuário no Estado tomou “um susto” por não ter sido incluído, mas que a situação “deverá ser resolvida rapidamente”. Assim, a reunião de amanhã será uma das primeiras providências a serem tomadas para discutir estratégias de se alcançar esse objetivo.

Apesar de São Paulo não estar na lista de sábado, a superintendente do Ministério da Agricultura no Estado, Andrea Moura, diz que todas as medidas tomadas pelo governo estadual e o setor pecuário paulista “seguem dentro do prazo” e que se está trabalhando no programa para retirar a vacinação no ano que vem, como previsto inicialmente pelo grupo do qual o Estado faz parte, o Bloco IV. “O que aconteceu foi que alguns Estados adiantaram suas medidas, evoluíram nelas e o Ministério da Agricultura reconheceu o feito.” De acordo com Andrea, São Paulo também está próximo de suspender a vacinação contra aftosa. “Em outubro, teremos nova auditoria do ministério. Agora, se vai tirar ou não (a obrigatoriedade da vacina), isso ainda precisará ser avaliado”, esclarece.

Ela acrescenta que os Estados são monitorados periodicamente pelo Ministério da Agricultura e precisam ganhar uma nota para que a pasta classifique seu status e libere a vacinação contra aftosa. Os quesitos vão de cumprimento do plano estratégico de vigilância de febre aftosa, georreferenciamento das propriedades rurais, avaliação do Quali-SV e a necessidade da existência de um fundo de defesa sanitário da pecuária – para indenizar, por exemplo, pecuaristas em caso de focos de aftosa e obrigatoriedade de abate de animais. “Para retirar a vacina é preciso ter outras formas de proteção. Então o Estado só fica apto quando tem todos esses sistemas de vigilância”, explica.

Quanto aos possíveis prejuízos que São Paulo possa ter pelo fato de não ter sido incluído na lista de sábado, a superintendente analisa que essa possibilidade está descartada, já que a ideia do plano é de que os blocos avancem juntos. “Neste momento, mesmo sendo retirada a obrigatoriedade de vacinação em alguns Estados, não haverá a redução de trânsito (de animais) e também nada será comunicado à Organização Mundial da Saúde Animal (OIE), que certifica áreas livres de febre aftosa sem vacinação. Isso porque os Estados que vão deixar de imunizar este ano adiantaram seus processos voluntariamente, antes do prazo exigido”, diz. Andrea acrescenta que primeiro a pasta deve esperar que se cumpra o cronograma, e, caso não aconteça, aí, sim, será tomada uma medida como bloco.

Em relação à necessidade de o Estado criar um fundo de defesa da pecuária, conhecido como “Fundepec”, como citou a representante do ministério, o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Tirso Meirelles, disse que também marcou uma reunião com o Ministério da Agricultura sobre o tema. Segundo ele, São Paulo teve uma pontuação baixa neste quesito e a Faesp quer saber por quê. “Dizem que este fundo não está legitimado. Vamos conversar para avaliar todos esses pontos”, esclarece. A superintendente do ministério confirma que o fundo existe, porém não está arrecadando fundos.

Meirelles acrescenta que a nova avaliação do ministério em São Paulo, marcada para outubro, deverá trazer uma recuperação para o Estado. “Se nós corrermos e resolvermos esses pontos, podemos ver uma melhora. Amanhã vamos conversar para se criar um plano de ação”, diz.

O Estado de São Paulo iniciou ontem (1º) a primeira etapa da campanha de vacinação contra a febre aftosa de 2022. Nesta fase, deverão ser vacinados bovinos e bubalinos de todas as idades, conforme o calendário nacional de vacinação.

(Broadcast Agro)