A integração entre lavoura e pecuária captura mais carbono que os sistemas de plantio direto, segundo um estudo publicado ontem na revista científica “Ciência Rural” e divulgado pela Agência Bori. O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Meio Norte). Os autores compararam diferentes sistemas de integração e de plantio direto em uma fazenda no Maranhão.
Para elaborar o trabalho, os pesquisadores fizeram comparações de cinco áreas: uma com sistema de plantio direto em sucessão há 14 anos, três áreas com diferentes históricos de sucessão com a adoção do sistema de integração lavoura pecuária e uma de Cerrado nativo. Os maiores índices de carbono e nitrogênio foram encontrados nos solos manejados com o sistema lavoura-pecuária, com exceção da área com vegetação nativa.
“Foram realizados inicialmente o estudo de histórico de manejo das áreas e posteriormente a identificação das áreas com manejos distintos para avaliação do estoque e conteúdo de carbono e nitrogênio atribuído pelo uso agrícola”, explicou Leovânio Barbosa, um dos autores da pesquisa.
Na área em que o manejo de integração lavoura-pecuária era praticado há dois anos, o estoque de carbono em uma profundidade de até 0,5 metro do solo era 14,5% maior do que no lote de plantio direto analisado. A diferença era de 23,4% na comparação entre a área de plantio direto e com uma área com integração lavoura-pecuária há quatro anos, e de 10% na comparação com uma área com o esse manejo há oito anos. Os índices de nitrogênio no solo e de material orgânico também crescem conforme aumenta o tempo de manejo integrado entre lavoura e pecuária.
No artigo, os pesquisadores concluíram que a introdução recente de pastagens nas áreas com integração elevou a capacidade de produção de biomassa seca e a densidade de massa das raízes das plantas. Isso ajudou a melhorar a qualidade química dos solos, o que contribui para o aumento da concentração de carbono. Além disso, os excrementos dos animais ajudavam a melhorar a intensidade de carbono e nitrogênio.
Para o pesquisador, o trabalho representa um avanço nos estudos sobre a última fronteira agrícola do país, o Matopiba, com áreas de produção com particularidades distintas da velha fronteira do Centro-Oeste. “O plantio de soja no Nordeste está sendo feito em solos leves, arenosos, e em uma região de baixa latitude. A soja geralmente é cultivada em regiões mais altas e se desenvolve melhor em solos argilosos”.
Segundo Barbosa, a pesquisa destaca a importância do manejo conservacionista também nessa fronteira do agronegócio. “Em Mato Grosso, as áreas são mais antigas, têm mais tempo de manejo. Já no Nordeste você consegue ver o reflexo mais rápido da mudança”.
(Valor Econômico)