Com a confirmação da remoção dos primeiros bancos russos do sistema global de pagamentos interbancários Swift, os frigoríficos de carne bovina que atuam no Paraguai entraram em acordo com importadores e suspenderam as exportações de carne bovina para a Rússia. Por meio da controlada Athena Foods, a brasileira Minerva lidera os embarques paraguaios da proteína. 
À imprensa local, o gerente da Câmara Paraguaia de Carnes, Daniel Burt, afirmou na segunda-feira que já foram interrompidos os embarques de novas cargas à Rússia, mas que navios em trânsito continuarão seu curso. As exportações de carne bovina à Rússia renderam mais de US$ 300 milhões ao Paraguai em 2021, ou cerca de 20% do total registrado pelo segmento. 
A Rússia é o segundo maior mercado para a carne bovina paraguaia em geral, depois do Chile, e o principal para os cortes industriais, importantes para equilibrar vendas entre cortes premium e os de menor qualidade, como analisou o “Ultima Hora”. 
Dados oficiais mostram que, em 2021, os embarques paraguaios da proteína somaram 326,7 mil toneladas e renderam US$ 1,6 bilhão. Para o Chile as vendas atingiram 135,2 mil toneladas, ou US$ 712,5 milhões, enquanto para a Rússia foram vendidas 79,2 mil toneladas, que renderam US$ 313,5 milhões. 
Com a interrupção das vendas à Rússia, os exportadores paraguaios passaram a avaliar mercados alternativos para escoar a carne de animais já abatidos especialmente para a produção de comidas rápidas. Uma tendência natural é tentar ampliar as vendas para países que já compram carne do Paraguai – com quem, portanto, já há protocolos sanitários assinados, o que poderia agilizar os desvios. 
O terceiro principal destino para a carne bovina paraguaia, depois de Chile e Rússia, é Taiwan, que absorveu 30,2 mil toneladas no ano passado, ou US$ 162,2 milhões. Poderia ser uma opção. A questão é que outros países exportadores, inclusive o Brasil – cujas vendas de carne bovina à Rússia são relativamente pequenas – têm o mesmo desafio pela frente. 
(Valor Econômico)