Os grãos fecharam em alta na bolsa de Chicago nesta segunda-feira, há poucos dias da divulgação do sempre aguardado relatório mensal de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
A expectativa no mercado é que o órgão corte as previsões para os estoques globais de soja e milho na safra 2021/22 por causa da seca na América do Sul — o que também pode sinalizar um aumento da demanda pelos grãos americanos.
Nesse cenário, o contrato da soja para março, o mais negociado atualmente, avançou 1,82% (28,25 centavo de dólar), para US$ 15,8175 o bushel. A posição seguinte, para maio, subiu 1,85% (28,75 centavos de dólar), a US$ 15,8625 o bushel.
No mês passado, o USDA fez uma redução na estimativa para a safra sul-americana que foi considerada tímida — a queda foi de 9,5 milhões de toneladas no total para Brasil, Argentina e Paraguai —, e agora é aguardado um ajuste maior.
No Brasil, maior produtor mundial de soja, a colheita já cobriu entre 16% e 18% da área, segundo previsões divulgadas nesta segunda-feira pelas consultorias AgRural e AgResource, respectivamente. Na última semana, os trabalhos foram mais lentos do que se esperava devido a chuvas constantes em Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e parte de Goiás.
No mercado dos EUA, o USDA reportou a venda de 507 mil toneladas de soja do país para destinos desconhecidos (o que o mercado entende ser a China), o que ofereceu suporte adicional para a alta desta segunda. Do total, 249 mil toneladas serão entregues ainda na safra 2021/22, enquanto 258 mil toneladas são para a temporada 2022/23.
Ainda de acordo com o USDA, os embarques americanos de soja nos portos do país recuaram 14% na semana encerrada em 3 de fevereiro, para 1,22 milhão de toneladas. No ano-safra 2021/22, iniciado em 1º de setembro, os americanos embarcaram 37,6 milhões de toneladas, 23,8% menos do que no mesmo período da temporada passada (49,4 milhões de toneladas).
No caso do milho, o contrato para março, o mais ativo, subiu 2,38% (14,75 centavos de dólar), a US$ 6,3525 o bushel. A posição seguinte, maio, avançou 2,49% (15,50 centavos de dólar), a US$ 6,3725 o bushel.
Assim como ocorre na soja, a seca na América do Sul também tem oferecido suporte aos preços do cereal. “Enquanto o mercado está preocupado com o impacto imediato na soja, o milho de segunda safra no Sul do Brasil também está em risco”, disse Craig Turner, da Daniels Trading, à Dow Jones Newswires. “Se o clima estiver quente e seco como previsto nas próximas duas semanas e além, a qualidade da safrinha poderá cair”, reforçou.
Ademais, o milho segue como alvo preferido dos fundos especulativos. Na sextafeira, a Comissão para a Negociação de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês) apontou que, até o dia 1º de fevereiro, são 372,5 mil contratos líquidos comprados no cereal (aposta na alta), o que representou um avanço semanal de 2%.
“No caso de milho, soja e algodão… o aumento dos preços levou a um aumento notável nas posições compradas líquidas”, disse o Commerzbank, acrescentando que as posições compradas nesses produtos são as mais altas em quase um ano.
O USDA informou que os embarques de milho dos EUA avançaram 1,7% na semana encerrada em 3 de fevereiro, para 1,05 milhão de toneladas. No ano-safra 2021/22, os americanos despacharam 18,6 milhões de toneladas, 13,9% menos que no mesmo período do ciclo passado (21,6 milhões de toneladas).
Por fim, o trigo acompanhou o bom desempenho da soja e do milho. O vencimento para março, o mais negociado atualmente, subiu 0,72% (5,50 centavos de dólar), a US$ 7,6875 o bushel. A posição seguinte, maio, teve alta de 0,78% (6 centavos de dólar), a US$ 7,760 o bushel.
Outro suporte para a alta foram os bons números de embarques de trigo americano. De acordo com o USDA, as exportações somaram 417,7 mil toneladas na semana até 3 de fevereiro, com alta de 10,9% em relação à semana anterior. Porém, no ano-safra foram entregues 14 milhões de toneladas, 17,7% menos do que em igual período da temporada anterior.
O cereal segue também encontrando apoio na tensão entre Rússia e Ucrânia, dois grandes fornecedores globais. No entanto, a falta de novidades, seja para um conflito ou uma distensão, deixa o mercado sem grandes oscilações no momento.
Nas próximas sessões, o relatório mensal de oferta e demanda do USDA tende a exercer maior pressão. A previsão de analistas ouvidos pelo “The Wall Street Journal” é que o órgão eleve as projeções para os estoques americanos e mundiais de trigo.
(CarneTec/Valor Econômico)